Os manuais escolares em causa, que podem ser encontrados em diversos pontos de Luanda, à venda nas ruas, estão desactualizados, são do tempo do partido único, e podem, por isso, constituir uma fonte de informação errada.

O assessor de impressa do Ministério da Educação, António Campos, explicou ao Novo jornal Online que os livros foram parar às ruas devido a um assalto que aconteceu num armazém e que a polícia está a procurar retirar do mercado para serem queimados.

De acordo com António Campos, estes manuais foram retirados do sistema educacional devido à evolução normal do ensino. "Aliás, aqueles livros pertenciam à época do partido único e, naturalmente, houve necessidade de colocar novos manuais de ensino no mercado".

Acrescentou ainda que, apesar de serem dos anos 1990, não representam perigo porque não há diferença abismal em termos de conteúdos com os manuais actuais, mas para salvaguardar certas matérias o ministério resolveu retirá-los do mercado.

"A polícia está a trabalhar para identificar os presumíveis autores que arrombaram o armazém para responderem pelos seus crimes", disse António Campos, consultor do Ministério da Educação.

Numa ronda feita pelo Novo Jornal em alguns mercados informais e ruas de Luanda foi possível constatar o contentamento de muitos daqueles que ainda se lembram destes livros do tempo em que frequentavam a escola primária.

De acordo com Pedro Francisco, de 32 anos, são livros que trazem várias recordações e fazem reflectir sobre o actual estado da educação em relação aos tempos idos, referindo que em termos de conteúdos os manuais antigos são mais sólidos.

Passados 30 anos, Maria Nzengo disse que ainda tem guardado na memória os costumes da comuna onde Kiluanje vivia, uma estória narrada no livro de ciência integrada do ensino de base.

"São várias as recordações que tenho sobre o nosso ensino. Infelizmente, tudo foi mudado devido à reforma educativa que só destruiu a qualidade de ensino", desabafou Maria Nzengo, de 27 anos.

De acordo com Mário Jaime, um dos indicadores que faz com que o ensino de base no país não tenha a qualidade pretendida é a falta de manuais sérios, como os dos anos 1980.

Tal como Pedro, Carvalho comprou os livros de língua portuguesa, Matemática, Ciência da Natureza, entre outros para mantê-los como recordação.