O estranho, tanto para a vítima como para os jornalistas que acompanharam a apresentação dos seis suspeitos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), em Junho último, na sua sede em Luanda, é que apenas um elemento foi levado a julgamento, tendo os outros cinco sido dados como foragidos da justiça.

Entretanto, o arguido condenado nega que os demais comparsas estejam foragidos e salientou que estão na Comarca de Luanda, detidos, mas que estranha não serem trazidos a tribunal neste processo.

O proprietário da residência, que teve um prejuízo avaliado em mais de 45 milhões de kwanzas, diz estranhar a ausência dos demais arguidos e salientou que não foi feita a justiça.

Entretanto, o tribunal diz não saber do paradeiro dos demais arguidos, por serem considerados prófugos, e condenou o único arguido em julgamento no processo.

Trata-se de um cidadão de 46 anos que confessou o seu envolvimento no cometimento do crime e declarou ter recebido a quantia de 150 mil kz.

Confirmada a sua participação no crime, o tribunal condenou-o a oito anos de prisão efectiva, e no pagamento de uma taxa de justiça de 50 mil kz, sendo ainda obrigado sozinho a restituir os mais de 45 milhões de kz, como prejuízo a vítima.

Inconformado, o proprietário da residência assaltada, no luxuoso condomínio Mansões, em Talatona, disse que não há injustiça no julgamento, visto que as autoridades reportaram que tinham capturado os seis elementos e não um.

Em Junho último, o SIC chamou a imprensa para a sua sede em Luanda e apresentou os seis elementos que teriam assaltado a residência em Talatona, no mês de Janeiro.

O superintendente-chefe de investigação Fernando Carvalho, porta-voz do SIC-Luanda, disse aos jornalistas que o grupo de seis marginais apresentou-se trajado com uniforme hospitalar (batas), a bordo de uma ambulância de marca Toyota, modelo Land Cruiser, de cor branca, com a chapa de matrícula falsa, pertença do Hospital Psiquiátrico de Luanda.

Tudo fazia parte de uma simulação de que prestariam socorro a um dos doutores que reside naquele condomínio, para que tivessem acesso ao complexo residencial.

Permitida a entrada, dirigiram-se à residência em causa e surpreenderam o proprietário, que se encontrava na companhia das suas empregadas domésticas.

"Munidos de armas de fogo do tipo pistola e, sob ameaças de morte, obrigaram o lesado a deitar-se no chão. Ataram os seus membros superiores e inferiores, e levaram um cofre que continha no seu interior vários relógios de luxo, um deste avaliado em 20 mil dólares, uma pedra preciosa ainda por se avaliar, malas de roupas e calçados, um computador de marca ASUS de cor cinzenta e um Tablet", disse Fernando Carvalho, acrescentando na altura que os seis elementos estavam detidos.

O Novo Jornal procurou saber junto do Serviço Pressionais se os seis elementos terão desaparecido da Comarca de Luanda, mas não obteve resposta.