"Foi-lhe aplicada a medida de coação pessoal de prisão preventiva, ontem, após interrogatório pela DNIAP, por existirem fortes indícios de ter cometido crime de burla por defraudação e abuso de confiança", disse ao NJOnline Álvaro João, porta-voz da PGR.
Questionado porque que só agora a Procuradoria-Geral da República deteve o empresário, uma vez que vários clientes vinham reclamando do não cumprimento da empresa RIDGE Solutions, Álvaro João respondeu que só agora houve denúncias dos clientes.
" As pessoas estavam a tratar do assunto de forma civilizada e amigável e a PGR só pode dar seguimento se existirem denúncias", disse.
Em declarações ao NJOnline, Yuri Nogueira, membro da "comissão de lesados", disse esperar que a justiça seja feita e que o cidadão em causa restitua os valores de cada pessoa que viu frustrado o sonho de casa própria naquela urbanização.
"Muitos de nós pagámos entre os 150 e os 600 mil dólares e não recebemos as habitações. Há termos de entrega, inclusive, mas nunca chegámos a receber as casas".
Segundo Yuri Nogueira, os valores pagos pelos lesados, cuja sua comissão controla, já ultrapassam os 6 milhões de dólares.
Yuri Nogueira reconhece que esse valor possa vir a aumentar, face ao surgimento de mais lesados no processo, que diariamente procuram e se juntam á comissão.
"Estamos esperançosos na justiça e queremos ver cumpridas as palavras do Presidente da República, João Lourenço, quando diz que ninguém é suficientemente rico que não possa ser punido, ninguém é pobre demais que não possa ser protegido", salientou.
Segundo o porta-voz dos lesados, em 2007, o Empreendimento Jardim do Éden estabeleceu que as casas seriam entregues em 14 meses, após o primeiro pagamento, coisa que nunca chegou a acontecer.
"Já passaram mais de 10 anos desde que os cidadãos lesados vêm procurando contacto com o imobiliário, o que tem sido difícil, porque este muda constantemente de instalações e até agora não sabemos onde ficam os escritórios da empresa RIDGE Solutions. Recentemente juntámo-nos, de forma pacífica, defronte ao condomínio do senhor José Ferreira Ramos, para exigir resolução do nosso caso e o mesmo não nos atendeu", denunciou.
De acordo com Yuri Nogueira, os lesados estão até agora a pagar os créditos bancários que solicitaram para a aquisição das residências que nunca chegaram a receber.
Em função do tempo de espera, conta Yuri Nogueira, muito dos lesados já tiverem AVC, outros já faleceram e as famílias continuam apagar as dívidas ao banco, mas sem usufruírem das casas.
"Estamos obrigados a pagar os créditos. Queremos que as autoridades dêem o devido tratamento a este caso. É uma questão de justiça e não podemos acabar assim. Se temos um Estado, então pedimos que nos ajude a resolver esta injustiça", concluiu.