Os camionistas angolanos que transportam mercadorias diversas com destino a Cabinda e vice-versa, com trânsito pela República Democrática do Congo (RDC), pagam 4 mil USD de taxa diária para atravessar a RDC na rota para Cabinda, enquanto os congoleses que entram em Angola pagam apenas 50 USD por dia, o que dá na discrepância de 120 mil USD/mês para apenas 4 mil USD/mês entre nacionais e congoleses.

Face a esta situação, os camionistas angolanos anunciam nova paralisação na sexta-feira,16, caso não existir consenso no processo de negociações com as autoridades angolanas, após ter sido levantada a paralisação que haviam começado no passado sábado.

Ao Novo Jornal, Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA) assegura que a situação faz com que haja uma alta de preços em Cabinda, o que prejudica à população.

E não entendem porque é que Angola permite que os transportadores congoleses paguem menos de 3.950 dólares de taxa aduaneira, no seu território, visto que o volume de carga e a distância de percurso são iguais.

O presidente da ATROMA, António Gavião Neto, assegurou ao Novo Jornal que a falha está do lado angolano que não olha para a defesa dos seus transportadores.

Segundo António Gavião Neto, a ATROMA exige apenas que os operadores congoleses paguem em Angola os mesmos valores que os operadores angolanos pegam em território congolês.

"No nosso País, os transportadores congoleses têm todo o nosso respeito e apoio moral e técnico, mas nós os angolanos não vimos isso na RDC. Somos obrigados a pagar obrigatoriamente nos controlos, sob pena de nos reterem", contou.

Entretanto, a ATROMA salienta que a situação afecta de forma gritante a província de Cabinda em função dos pagamentos das taxas.

"Conforme estão concedidos os pagamentos das taxas, penaliza a vida normal da província de Cabinda. A factura final quem paga são os povos de Cabinda", explicou.

Conforme o presidente da ATROMA, há cinco anos que as autoridades da RDC cobram aos angolanos a taxa aduaneira de circulação no valor de 3.500 dólares. Essa situação só piorou em Janeiro último, quando a mesma foi aumentada para 4.000, enquanto em Angola tudo anda na mesma.

Quanto ao encontro desta quinta-feira,15, entre a Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola, o Ministério dos Transportes e o Governo Provincial do Zaire, na cidade de Mbanza Congo, a ATROMA afirma que vai levar consigo todos os elementos de base para as negociações e salienta que caso não houver uma resposta favorável para os transportadores angolanos, haverá uma nova paralisação a partir de do dia 16.

"O mais importante é que o Governo resolva já esse problema porque as tesourarias das empresas que transportam estão muito debilitadas", disse acrescentando: "Estamos a ver também a questão na nossa tesouraria nacional. Se 30 camiões angolanos pagam 120 mil dólares mensais à RDC, porque é que eles também não podem pagar o mesmo valor mensal?".

Segundo António Gavião Neto, a ATROMA já mantém conversações com a parte congolesa há anos, no sentido da uniformização das taxas aplicadas em ambas as partes da fronteira comum, mas assegura que não têm tido êxito.

Já o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Énio Costa, em declarações à Radio Nacional de Angola (RNA), disse que a harmonização das taxas entre os dois países estão entre as medidas de curto prazo, para se ultrapassar as dificuldades dos camionistas angolanos, e assegurou que o objectivo é harmonizar todas as taxas de transportes rodoviários transfronteiriços e que essas taxas sejam recíprocas.