Quais são os grandes desafios do Sindicato, numa altura em que há cada vez mais restrições no papel da comunicação social?

O nosso desejo é que se concretize as liberdades no exercício da profissão de jornalismo. Quer dizer, o jornalista tem que se sentir livre em produzir, em entrevistar e passar essa matéria no órgão em que trabalha, mas essa nossa liberdade não deve ser traduzida em libertinagem.

Estamos a falar da necessidade dessa liberdade ir ao encontro dos ditames morais e éticos. E quando falamos dos ditames morais, estamos a falar da necessidade de se respeitar a Constituição, o estatuto do jornalista e outras normas que regem a actividade humana. Agora, quando falamos dos ditames éticos, estamos a falar da responsabilidade.

Isto quer dizer que o jornalista, no exercício da sua função, deve responder pelos seus actos. Então, constitui um desafio permanente a questão das liberdades. Aliás, quando fomos eleitos, prometemos no nosso manifesto que seria a primeira coisa a lutar para que se concretizasse, pois, isso é um sonho antigo.

O sindicato vai completar, no dia 28 de Março do próximo ano, 33 anos. Queremos que nesse percurso encontremos um espaço melhor do que aquele em que estamos hoje e possamos ter múltiplos serviços para atender à classe.

Que espaços são estes?

Refiro-me a espaços como uma biblioteca, um centro multimédia, um clube de jornalistas, onde o profissional, depois da longa jornada laboral, possa passar por lá e conviver com os demais colegas como era no passado. Hoje, já não temos, infelizmente, mas queremos tornar a ter o espaço que podemos aglutinar esses serviços todos, de modos que o próprio sindicato se torne mais forte do que já é em todas as perspectivas e vertentes, desde a luta política da realização das liberdades na autossustentação, não dependendo apenas das quotas dos filiados.

Hoje, temos quotas que não passam dos quatro milhões de kwanzas, que resulta das contribuições dos filiados. Então, se tivermos um espaço físico em que possamos ter múltiplos serviços, o próprio sindicato poderá ser autossustentável. Essa é a nossa grande luta.

De que forma vai construir esses espaços que acabou de mencionar, não dependendo das quotas?

É uma pergunta de facto interessante, sabe? Eu sou cristão católico e acredito em milagres. É possível que surja algum milagre durante o nosso mandato e conseguirmos algum espaço. Bom, temos quatro anos. Tomámos posse no dia 11 de Outubro.

Acreditamos que ainda nos faltam por aí uns bons meses, e nesses bons meses, há muita coisa que pode acontecer. Mas, primeiro, queremos ter um espaço. Estamos a lutar para ter um espaço. E podemos conseguir o espaço, pois a primeira fonte é mesmo a contribuição dos filiados.

Com um pouquinho de racionalidade daquilo que se recebe, é possível fazermos. Eu tenho quatro anos de mandato e se fizermos uma economia ou poupança de um milhão de Kwanzas por mês, além das muitas despesas que temos, quer com funcionários, quer com situações judiciárias. Essa é a primeira fonte, o resto é o que disse, eu acredito em milagres.

Quantos filiados tem o sindicato?

Já tivemos, aproximadamente, dois mil a três mil filiados. Muitos foram à reforma, e quando vão à reforma, se desmembram do sindicato. Temos muitos, que são de feliz memória, partiram para outra dimensão da vida. Há aqueles que depois desistem, deixam de ser membros do sindicato. Então, o número vai baixando.

O que estamos agora a fazer é o recadastramento dos filiados. Estamos a fazer uma campanha para aqueles que não estão no sindicato, que entrem ou passem a fazer parte. Tanto é que, daqui a alguns dias mais ou menos, começaremos a emitir os novos passes e a partir daí podermos fazer estatística, dizer quantos somos e onde cada um está.

Apesar de termos muitas empresas de comunicação social, como rádios e cadeias televisivas, há uma certa resistência dos jornalistas em fazer parte do sindicato, porque não se descobriu ainda o valor que o sindicato representa para a vida de cada jornalista. Este é o nosso grande problema.

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