A primeira votação, sobre a acusação de abuso de poder terminou com 230 votos a favor (229 do Partido Democrata e um independente) e 197 contra (195 do Partido Republicano e dois do Partido Democrata), com um democrata e dois republicanos ausentes na votação.
Agora, caberá ao Senado decidir se o presidente cometeu abuso de poder e obstrução de investigação no Congresso e se ele deve perder seu mandato, no começo do próximo ano.
Sobre o segundo artigo de "impeachment", a acusação de obstrução do Congresso, votaram a favor 229 (228 do Partido Democrata e um independente) e 198 votaram contra (195 do Partido Republicano e três do Partido Democrata).
Donald Trump tornou-se, assim, o terceiro presidente na história norte-americana a sofrer um processo de "impeachment".
A decisão sobre se o Presidente impugnado (acusado na Câmara dos Representantes) deve, ou não, ser afastado do cargo é uma competência exclusiva do Senado, que funciona durante o julgamento como um tribunal.
O julgamento é presidido pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça e os 100 senadores actuam como jurados.
Ainda não há uma data marcada para o início do julgamento nem se sabe quantos dias vai durar. No Senado, são necessários 67 dos 100 votos para que o presidente seja impedido - e os republicanos detêm 53 assentos.
O que deu origem ao "impeachment" de Trump
Em causa está a suspeita de que Trump usou o seu cargo e o poder que lhe está inerente para influenciar o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para "mandar" abrir uma investigação, via Ministério Público, a Joe Biden, o seu provável rival, quando for nomeado pelos Democratas, nas eleições Presidenciais de Novembro de 2020.
A conversa foi revelada na primeira audição pública, pelo embaixador dos EUA na Ucrânia, William Taylor, e que não era do conhecimento dos jornalistas, logo, também do grande público, onde este relata factos que apontam para que Donald Trump tenha, efectivamente, feito chantagem sobre o Presidente Volodymyr Zelensky para que "castigasse" através do sistema judicial ucraniano, Joe Biden, alegadamente porque o seu filho, Hunter, que trabalhava naquela país europeu, estivera envolvido em esquemas ilegais.
Para o conseguir, como foi reavivado nesta conversa, Trump chantageou Zelensky, ameaçando suspender o apoio militar e financeiro ao seu país no valor de 400 milhões de dólares, tendo Taylor, embaixador interino em Kiev, formulado a ideia, publicamente, de que o Presidente norte-americano estava mais interessado em encontrar forma de lançar suspeitas sobre Biden do que em apoiar a Ucrânia, que vive há anos num conflito militar de baixa tensão com a vizinha Rússia, combatendo os separatistas pró-russos dentro do seu território.
A conversa desconhecida até aqui transmitida por William Taylor, segundo os relatos da imprensa norte-americana e afirmada em directo, continha a informação de que Gordon Sondland, o embaixador dos EUA na União Europeia, revelou a um diplomata americano em Kiev, que o que Trump pretendia efectivamente, era garantir por todos os meios que o Governo ucraniano iria investigar os Biden, Joe, o seu putativo rival na corrida à Casa Branca, para onde pretende ser reconduzido em 2020, e Hunter, o seu filho.
E isso, passaria por deixar claro a Volodymyr Zelensky que iria ficar sem o apoio de 400 milhões de dólares nem se realizaria o encontro com Trump na Casa Branca se não cedesse ao pedido de anunciar publicamente a abertura de um processo judicial contra Joe e Hunter Biden.
Com a abertura das audições, Donald Trump, que fez os seus assessores divulgarem que não estava a acompanhar pela TV as declarações em questão, optou por reafirmar a ideia de que esta a ser vítima da mais robusta caça às bruxas da história dos EUA, classificando tudo o que tem sido dito como falsidades que visam prejudica-lo na corrida presidencial.