A vantagem parece, segundo os estudos de opinião divulgados nos últimos dias, estar do lado de Atiku Abubakar, que concorre com o apoio do Partido Democrático Popular (PDP), sobre Buhari, que volta a contar com a força do partido Congresso Progressivo (APC), embora no boletim de voto estejam cerca de 70 outros candidatos
Mas, para além das dúvidas sobre quem ganha ou perde estas eleições, uma das mais importantes entre as cerca de duas dezenas e meia que vão ocorrer este ano noutros tantos países do continente africano, está o medo generalizado de que a violência assuma o papel de protagonista principal num "filme" já muito visto neste país de quase 200 milhões de habitantes, com uma divisão clara de estados de maioria muçulmana a Norte e cristãos a Sul, e com um dos mais violentos grupos de radicais islâmicos, o Boko Haram, a dominar uma boa parte do nordeste do país, e os vários grupos de guerrilheiros do "petrolífero" Delta do Níger, a Sul.
Para já, quando faltam apenas três dias para a ida às urnas, somam-se as notícias de episódios violentos durante acções de campanha, sendo o último conhecido aquele que vitimou pelo menos 20 pessoas em Port Harcourt, uma cidade localizada a Sul, no Delta do Níger, uma das mais estratégicas regiões do país por concentrar as principais plataformas de extracção de petróleo que fazem da Nigéria o maior produtor africano de crude que, para além de alimentar a petro-dependente economia nigeriana, alimenta ainda um conjunto de guerrilhas que luta pelos "restos" do "ouro negro".
A Nigéria é o maior produtor de crude do continente africano mas tem, nos últimos anos, visto a sua economia resvalar na crise do barril baixo desde 2014 mas também porque os grupos de guerrilheiros no Delta do Níger boicotam uma boa parte da produção para extorquir o Estado central, enquuanto no extremo oposto, é o radicalismo religioso que serve de caminho para deitar a mão às riquezas naturais deste gigante africano.
Por outro lado, como têm sublinhado os principais media nigerianos e também os correspondentes internacionais presentes no país, os confrontos entre apoiantes de Buhari e de Abubakar têm-se repetido por todo o país, com uma sucessão alarmante de mortes, por vezes a tiro, correspondendo a acções premeditadas ou actos de vingança entre elementos do PDP e da APC, confirmando a longa tradição de violência pré e pós eleitoral no país.
Isso mesmo aconteceu em 2011, quando mais de mil pessoas morreram durante as eleições em que o actual Presidente foi derrotado por Goodluck Jonathan e em 2015, cerca de 100 pessoas perderam a vida.
Para minimizar o potencial de risco de violência, as Forças Armadas nigerianas anunciaram a colocação no terreno de milhares de homens como forma de dissuadir ocorrências violentas e responder de imediato assim que estas tenham lugar, bem como proporcionar segurança a todos os candidatos, que são milhares, visto que neste Sábado têm lugar eleições Presidenciais e legislativas.