O que vemos hoje no nosso País, particularmente entre os jovens, é um êxodo para a terra do(s) ex-colonizador(es), que entope embaixadas e alimenta a corrupção (o que, mesmo assim, não impede que o número de angolanos em terras estranhas aumente vertiginosamente). E isso deve fazer-nos pensar. E agir, pois há algo que não estamos a fazer bem.
Houve um tempo em que os jovens que saíam, e foram muitos, iam procurar a sua formação em terras de países amigos, com o intuito de regressar para reconstruir o País, que vivia tempos difíceis, causados pela debandada de quadros coloniais e pela guerra. Foi enorme o esforço que se fez, não convenientemente valorizado, para procurar colmatar a gritante falta de quadros qualificados que o País tinha.
Depois, os jovens que iam para o exterior, em boa parte os que mais se destacavam academicamente e tinham como missão ser formadores ou ocupar funções cruciais nas instituições a que estavam ligados - para além de nos aproximar da massa crítica de qualidade que o País tanto necessitava - concluíam com êxito a sua formação, mas muitos deles já não voltaram, porque lhes foram oferecidas condições, quer materiais, quer de perspectivas de carreira, que não soubemos ter a inteligência de lhes proporcionar nas instituições que deveriam reforçar. Perdemos muitos e bons quadros nesse período, e demos espaço a que o grupo de "consultores" estrangeiros reforçasse a sua importância um pouco por todo o lado.
Entretanto, com a contínua degradação das condições de ensino no País, foi-se criando a fobia às instituições de ensino nacionais, e (quase) todos os que puderam, acabaram por enviar os filhos para estudar no exterior do País. Uma boa parte deles não regressaram, ainda que haja muitos e bons exemplos de quem o tenha feito, e seja essa a camada de tecnocratas que hoje é a referência e ocupa os cargos mais proeminentes, quer no sector público, quer no privado, a par daqueles que conseguiram escapar à mediocridade do ensino que lhes era oferecido no País, e conseguiram, por esforço e mérito próprios, atingir níveis de excelência que lhes permite competir com os que ostentam diplomas passados por instituições sediadas fora das nossas fronteiras.
É verdade que, a par deste fenómeno, e beneficiando da facilidade que havia em viajar - quer na zunga, quer por outras razões - o espírito oportunista de uma parte da sociedade que tinha esse contacto conseguiu descobrir as aberturas que estados sociais davam a quem se apresentasse como refugiado ou perseguido - e apontasse o dedo ao Governo angolano - preenchendo assim os requisitos para ajudas que lhes permitiam viver mais ou menos satisfatoriamente nesses países. Foi o tempo dos que declaravam viver em Paris, Lisboa, São Paulo ou Johannesburg, mas pensando em Angola.
Hoje, o que vemos é uma juventude sem emprego e com a sensação de não ter igualmente futuro, a procurar, desesperadamente, encontrar uma saída para fugir ao marasmo em que nos encontramos, aliciados pelas oportunidades que países envelhecidos lhes oferecem.
O Êxodo avoluma-se, deixando-nos cada dia mais pobres.