No encontro estiveram presentes Luaty Beirão e Alexandra Simeão, pela associação Handeca, bem como representantes de instituições ligadas à defesa dos direitos humanos, desenvolvimento rural, direito e promoção da juventude, como a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), representada por Maria Lúcia Silveira, a Associação Mãos Livres, representada por Salvador Freire, e a OMUNGA, por José Patrocínio.
O Centro Cultural Mosaiko, representado por Frei Júlio Candeeiro, a Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), representada por Belarmino Jelembe, a AMANGOLA, representada por Job Capapinha, e os Conselhos Nacional e Provincial da Juventude foram outras das associações que marcaram presença nesta reunião.
Rafael Marques também foi convidado mas foi impedido de entrar no Palácio Presidencial.
Alexandra Simeão, presidente da Associação HANDEKA, disse, no final do encontro, que o PR deixou uma porta aberta ao diálogo.
"O PR pediu que puséssemos todas as questões que achássemos que deviam ser colocadas e ouviu-nos com muita atenção", disse.
Alexandra Simeão explicou que apresentou a João Lourenço várias questões, sobretudo as que têm a ver com o Ensino Primário.
" Nós temos um Ensino Primário absolutamente deficitário e que necessita de ser regenerado, visto que o nosso ensino não cumpre o papel social que devia cumprir e isso constitui uma das nossas grandes preocupações, a par do registo civil", referiu.
José Patrocínio, da OMUNGA, disse que o encontro foi simbólico visto que a Presidência da República mostrou estar aberta para receber e partilhar informação com a sociedade civil.
Da mesma opinião foi Sérgio Calundungo, da OPSA.
"É um acto simbólico que marca um momento importante, que é aproximação do PR a vozes da sociedade civil que durante muito tempo se bateram de forma crítica contra a anterior governação", disse, acrescentando: "Sentimos que o Presidente acolheu com bastante atenção as nossas preocupações".
De acordo com Sérgio Calundungo, o exemplo do Chefe de Estado deve ser seguido por outros membros auxiliares do poder Executivo.
"É importante que os ministros, governadores, administradores municipais sejam acessíveis com os cidadãos, porque o Presidente demostra que não tem receios de dialogar com as vozes mais críticas da sociedade".
Lúcia da Silveira, da AJPD, referiu que João Lourenço mostrou às Organizações Não Governamentais e associações da sociedade civil que os tempos agora são outros.
"O Presidente mostrou que a partir de agora deve haver uma abertura no trabalho da sociedade civil, quer na prestação de informação quer na colaboração, visto que há muitas pessoas com capacidade dentro do País que podem ajudar o Governo a responder a problemas específicos que acontecem nas comunidades a que nem sempre o governo consegue chegar".
Lúcia da Silveira disse também que apresentou ao PR algumas preocupações relacionadas com a situação da saúde reprodutiva das mulheres e o caso das associações que existem há 20 anos e não têm certificado de registo, dando como exemplo a AJPD e a OMUNGA.
"Falei também sobre a importância da justiça transicional, porque Angola está em Paz mas há uma necessidade de se discutir os vários problemas que aconteceram durante o conflito que Angola teve para que haja uma verdadeira reconciliação nacional", referiu.
Salvador Freire, da Associação Mãos Livres, disse que o Presidente da República os encorajou e pediu para que as associações civis continuem a fazer o seu trabalho.
"Ele está atendo e tem acompanhado milimetricamente as acções da sociedade civil, pediu também que desenvolvêssemos acções que têm a ver com a educação da população", afirmou.
Segundo o advogado, João Lourenço garantiu-lhes que arranjará tempo para ler as informações que as organizações da sociedade civil poderão transmitir ao seu gabinete.
O activista Luaty Beirão não aceitou prestar quaisquer declarações aos jornalistas, remetendo as suas declarações para depois de terminado o prazo, a 26 deste mês, para o repatriamento de capitais por parte de altas figuras angolanas, exigido pelo Governo.