Os partidos da oposição ouvidos pelo Novo Jornal acusam partido no poder de travar o processo de melhoria das condições sociais dos angolanos ao inviabilizar a realização das autárquicas e elegem como prioridade para este ano, a preparação das eleições autárquicas, gerias e fiscalização do Orçamento Geral do Estado que o MPLA aprovou sozinho.

Depois do MPLA ter criado enormes dificuldades na aprovação de vários diplomas importantes, segundo o deputado da UNITA, Raul Danda, o seu partido vai insistir para que o parlamento aprove "urgentemente" a proposta de Lei sobre a institucionalização das autarquias locais, o único documento do pacote legislativo autárquico que ainda não foi aprovado.

"Este será um ano de grandes desafios. Não venham mais com as histórias de Covid-19 para inviabilizarem o sonho dos angolanos que é a realização das eleições autárquicas", disse ao Novo Jornal Raul Danda, o primeiro-ministro "sombra" do maior partido da oposição.

A imposição do partido no poder - o MPLA detém uma maioria qualificada no Parlamento -"que não aceita opiniões da oposição e da sociedade civil, continua a adiar o desenvolvimento de Angola", apontou.

"Apesar destas manobras, a UNITA já criou condições para enfrentar as barreiras que o MPLA e o seu Governo criaram para desestabilizar a oposição", referiu o deputado, esperando que seja resolvido definitivamente o caso o presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Pereira da Silva "Manico", fortemente contestado.

Raul Danda disse que o seu partido vai fazer um esforço extraordinário este ano para poder fiscalizar melhor as acções governamentais.

O deputado da CASA-CE, Manuel Fernandes, que admitiu terem havido "muitas dificuldades" durante o ano passado para fazer passar na Assembleia Nacional as posições do seu partido, disse que já estão a trabalhar na identificação dos potenciais candidatos para eleições autárquicas e capacitá-los para o bom desempenho desses cargos.

"As pessoas pensam que a oposição não faz nada mas é bom sublinhar e referir que a arrogância do MPLA tem neutralizado as boas intenções para o desenvolvimento do País sob a forma de propostas. Se continuarmos assim, o País não vai lado nenhum", lamentou.

Segundo o deputado, nos dois pleitos eleitorais (autarquias locais e eleições gerais) estarão muito atentos para se evitar as manobras que têm vindo a acontecer nas eleições passadas.

Relativamente ao OGE 2021, Manuel Fernandes acrescentou que vão exigir transparência na sua execução.

O secretário-geral do PRS, Rui Malopa Miguel, referiu ao Novo Jornal que faltou a vontade política do MPLA e do seu Governo no que diz respeito à realização das eleições autárquicas no ano passado mas este ano o partido vai procurar reverter esse quadro

"A oposição tudo fez mas o MPLA, como não quer a partilha do poder, criou enormes dificuldades para que as eleições não tivessem lugar no ano passado", acrescentou.

Rui Malopa Miguel apontou como prioridade este ano a fiscalização das acções do Governo no sentido de evitar actos de corrupção e promover o bem-estar da população.

"Estamos a preparar tudo para conseguirmos atingir alguns objectivos que não conseguimos no ano passado com a realização de uma conferência nacional de quadros", referiu, salientando que o seu partido insiste aa existência em Angola do federalismo.