Num encontro com 45 das mais de 80 instituições religiosas reconhecidas em Angola, que juntou cerca de 2.500 participantes, o número dois do MPLA condenou o surgimento de seitas religiosas e de algumas igrejas, "cujas actividades exploram a ignorância de muitas pessoas".
Segundo o vice-presidente do MPLA, esses cultos devem ser denunciados e combatidos porque, para além de se aproveitarem da inocência e fragilidade da população, utilizam a fé para organizarem "redes criminosas de tráficos de diamantes, de introdução ilegal de imigrantes, de tráfico de seres humanos" e de "evasão de divisas para o exterior do país".
Neste ponto, a denúncia recente de um ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, noticiada pelo Novo Jornal Online, dava conta de um desvio anual de pelo menos 5 milhões de dólares de Angola para Portugal.
"Ao incentivarem determinadas práticas ou rituais obscurantistas, que atentam contra os mais elementares direitos dos cidadãos, agem mesmo por vezes contra a Constituição e a lei", prosseguiu o número dois do partido no poder.
O alerta de João Loureço surge na sequência das preocupações recém-apresentadas pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST). Reunida na sua II assembleia ordinária, encerrada ontem em Luanda, a CEAST manifestou-se apreensiva em relação ao "aumento perigoso de seitas, em virtude da multiplicação de plataformas, onde se estão a acomodar legalmente até grupos satânicos, perigosos ao convívio social, à construção e manutenção da paz e a dignidade cultural".
Os prelados católicos expressaram ainda "perplexidade e estranheza quanto à facilidade com que algumas religiões não reconhecidas, incluindo não cristãs, estão a propagar-se pelo território nacional".