"Não vou pedir indeminização, porque não vou aproveitar-me da circunstância de um erro processual para tirar proveito", disse, em declarações à imprensa no final do julgamento

Norberto Garcia afirmou também que o dinheiro que poderia ser para ele, deve ser aproveitado pelo para fazer uma série de coisas para a nação.

"Com o dinheiro que poderia ser para mim, quero que se construa um bom mercado para as zungueiras, para não haver mais "cafriques", quero que comprem mais medicamentos aos hospitais", salientou.

O antigo director da extinta UTIP referiu que tem mãos para trabalhar e que vais usá-las para ganhar a vida, pois o País precisa de muito dinheiro para suprir as necessidades que tem.

Norberto Garcia afirmou ainda que o País tem pessoas sérias, referindo-se ao colectivo de juízes desde julgamento.

O ex-porta-voz do MPLA, partido no poder desde 1975, lembrou, por outro lado, as declarações de José Eduardo Agualusa, recentemente à imprensa, em que o escritor afirmou que não ser corrupto em Angola é um acto de coragem.

Para Norberto Garcia, "não ser corrupto em Angola é um privilégio".

O ex-porta-voz do MPLA afirmou aos jornalistas não sentir rancor por ninguém, "muito menos por aqueles que, nas redes sociais, queriam que apodrecesse na cadeia".

"Saio de coração aberto. E isso faz-me pensar, de facto, o que é realmente a vida".

Questionado pelo NJOnline se, caso for convidado para ocupar um cargo no Governo, aceitaria, Norberto Garcia respondeu que não tem ambições nesse sentido.

"Qualquer coisa que sirva para servir o País, eu quero, mas desde que não inventem mais coisas sobre mim", afirmou, no entanto.

O ex-porta-voz do MPLA diz lamentar a falta de solidariedade do seu partido.

"Eu fiquei triste quando os meus camaradas do partido não se mostraram solidários para comigo. Independentemente do problema que nós estejamos a viver, nós temos de ser solidários", disse Garcia, acrescentando que, depois da sentença, recebeu "milhares de telefonemas" de manifestação de apoio.

"No dia em que fui preso todos zombaram de mim. Hoje já estou a receber esta mensagem, mas isso fez-me ver quem são os meus amigos de verdade, as pessoas que foram visitar-me, são aquelas que eu nunca pensei estar ao pé delas".

"Eu lembro-me, dias antes de ser preso, de estar numa mesa na sede do partido, sentado com o presidente a tratar do congresso. De repente vejo-me enjaulado num carro prisional", lamentou.

Norberto Garcia foi absolvido pelo Supremo no julgamento do caso que ficou conhecido como "burla tailandesa", enquanto o cabecilha do grupo acusado de tentar burlar o Estado angolano em 50 mil milhões de dólares norte-americanos, Raveeroj Rithchoteanan, de 50 anos, foi condenado a sete anos de cadeia. Para Celeste de Brito, o colectivo de juízes determinou uma pena de dois anos de cadeia efectiva.

O Tribunal Supremo deu também como comprovada a falsidade do cheque de 50 mil milhões de dólares, elemento central de todo este processo, em tribunal desde 17 de Janeiro.

Deu ainda como provado que a assinatura do vice-Presidente, Bornito de Sousa, inscrita na carta endereçada por Celeste de Brito aos supostos investidores tailandeses acusados de tentar burlar o Estado angolano, foi falsificada.

Além de Norberto Garcia, foram igualmente absolvidos o canandiano André Louis Roy, e o cidadão eritreu Million Isaac Haile

Christian Âlbano de Lemos, efectivo da Polícia Nacional, de 49 anos, foi condenado a sete meses de prisão.

Os tailandeses Monthita Pribwai, de 28 anos, esposa do cabecilha do grupo, Raveeroj Rithchoteanan, Manin Wantchanon, de 25 anos, e Therra Buapeng, de 29 anos, foram condenados a três anos de prisão.