“Com a autoridade que quem trabalhou muito para melhorar as relações com Angola”, o antigo vice-primeiro-ministro de Portugal apelou aos órgãos de soberania lusos, “para evitarem a tendência para a judicialização da relação entre Portugal e Angola”. Segundo Paulo Portas, “esse seria um caminho sem retorno”, pelo que recomenda que se “procure em todas as frentes o compromisso”.

O pedido do ex-governante surge no decurso da investigação da Operação Fizz, que levou à detenção e prisão preventiva de Orlando Figueira, antigo procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e peça-chave numa série de processos envolvendo figuras e empresas angolanas. A começar pelo vice-Presidente Manuel Vicente.

Numa intervenção perante o 26.º Congresso do CDS, que se realizou no fim-de-semana, o agora ex-presidente do partido recordou também a relevância das relações luso-angolanas.

"Portugal é importante para os angolanos e Portugal não está em condições de substituir Angola na sua política externa, pelo número de portugueses que lá vivem e que merecem o nosso respeito, pelas 2 mil empresas que estão em Angola e que merecem a nossa protecção, pelas 10 mil empresas que exportam para Angola e que nós não podemos esquecer, pela interpenetração das duas economias e dos investimentos dos dois países”.

O ex-ministro luso dos Negócios Estrangeiros lembrou ainda a interferência de outros estados. “Nunca se esqueçam disto: o lugar que Portugal deixar de ocupar em Angola vai ser ocupado por outros países. Se calhar os países que se empenham discretamente em prejudicar as relações entre Portugal e Angola são os mesmos que gostariam de nos substituir em Luanda”.

O líder cessante do CDS introduziu a referência a Angola dizendo que queria deixar "uma palavra, por ventura politicamente incorreta". Portas justificou as considerações, afirmando que correspondem "ao interesse nacional".