Neste segundo período da greve interpolada, como constatou o Novo Jornal online, algumas salas de aula estão a funcionar, em algumas escolas mais centrais de Luanda, mas em municípios como o KIlamba Kiaxi ou o Rangel, a paralisação é praticamente de 100 por cento.

Um dos exemplos de menor adesão à greve é o do Largo das Escolas, no 1º de Maio, onde, apesar das centenas de alunos na rua por não terem tido aulas, eram visíveis algumas das salas a laborar normalmente.

Uma das razões apontadas por alguns professores ouvidos pelo Novo Jornal online é que este período de greve coincide com a época de provas, que começou ontem, segunda-feira, e isso, para não prejudicar os alunos, levou alguns docentes a não estar a 100 por cento com esta greve, "mesmo que concordem com todos os pressupostos" que a justificaram.

Há ainda relatos semelhantes ao que sucedeu no primeiro período da greve, nomeadamente quanto à intervenção das autoridades municipais ligadas ao sector da Educação, que pediram reuniões de última aos professores, como foi o caso do KIlamba KIaxi, com pedidos veementes de regresso às aulas sob o argumento de que os alunos, em fase de provas, não devem ser prejudicados.

Antes deste segundo período de greve, o Sindicato de Professores de Angola (SINPROF), que marcou o protesto, esteve reunido com o Ministério da Educação, na passada semana, tendo ficado de analisar com as suas delegações provinciais uma resposta.

Essa resposta aconteceu no Sábado, quando, depois da reunião em Luanda das suas delegações provinciais, o SINPROF decidiu manter a greve por considerar que o que a tutela propunha não era condizente com as exigências mínimas dos professores, nomeadamente naquilo que, desde 2013, consideram ser o mínimo como cedência do Governo.

Esta decisão foi justificada pelo Presidente do SINPROF, Guilherme Silva, ao Novo Jornal online com a "avaliação negativa, por ser ineficaz, à reposta para negociação da entidade patronal quanto aos conhecidos pontos reivindicados: Actualização de categorias, reajuste salarial subsídios em falta, passagem à efectividade e condições de trabalho".

Num resumo enviado ao Novo Jornal após a reunião de Sábado, o sindicalista adiantava que "com o acesso fechado à justa implementação dos subsídios, mantida a interrupção do processo de actualização de categorias, com mais de oito anos sem haver promoções, estes factos têm penalizado a classe e pesam negativamente na motivação dos professores nas salas de aula".

"Por isso, o SINPROF comunicou nesse mesmo dia que no âmbito da interpolação da greve iniciada nos dias 5, 6 e 7 de Abril, a segunda fase vai das 07:00 do dia 25 de Abril ate ao dia 05 de Maio próximos".

Esta paralisação abrange os estabelecimentos públicos e comparticipados do subsistema do ensino não universitário em todo o território nacional.

Entretanto, o SINPROF afirmava que no encontro de Sábado ficou igualmente consolidada a ideia de que o diálogo com o Ministério da Educação é possível, havendo total abertura para o efeito "antes, durante e depois desta nova paragem".

Esta posição de força dos sindicatos surge, no entanto, depois de os professores terem admitido que o encontro com a tutela, na passada terça-feira, 18, tinha sido "um passo importante do ministério em direcção a uma solução sustentável".

Os professores do ensino geral de todo país prometeram e cumpriram três dias de greve entre 05 e 07 deste mês, deixando em aberto um novo período de greve entre hoje de Abril e 05 de Maio, coincidindo com a época de exames.

Na linha da frente deste protesto dos docentes angolanos esteve o SINPROF, acompanhado pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores e Professores não Universitário (SINPTNU), e que se tornou histórica pelos níveis de adesão em todo o país, na ordem dos 95 por cento.

Governo diz ter atendido exigências dos docentes

Entretanto, na sua edição de hoje, o Jornal de Angola avança que o Ministério da Educação vai atender algumas das reivindicações dos professores, nomeadamente a questão da actualização das categorias profissionais e a transição dos professores do regime probatório para a condição efectiva.

Esta cedência resulta, nota ainda o JA, de uma decisão do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tomada depois de uma reunião entre os ministérios da Educação, Finanças, Administração Pública, Trabalho e Segurança Social e da Administração do Território, tendo em cima da mesa o caderno reivindicativo do SINPROF.

O Governo mantém a defesa da ideia de que não existe justificação para esta greve dos professores.