Até à entrada da Fosun, a Sonangol era quem detinha a maior fatia do capital do BPC, com 17,84 por cento, tendo, agora sido relegada para a segunda posição. No entanto, este movimento do grupo chinês já era esperado e, também por antecipação, a Sonangol já tinha pedido ao Banco Central Europeu para aumentar o seu capital para mais de 20 por cento naquele que é um dos maiores investimentos angolanos em Portugal.
No entanto, a imprensa portuguesa aponta para a existência de um acordo financeiro, pelo menos de forma tácita, entre a petrolífera estatal angolana e a Fosun, tendo em conta que o eventual aumento de capital da Sonangol para um valor acima dos 20 por cento (ainda não se sabe para quanto e quando), permitirá um maior equilíbrio de forças na estrutura accionista do BPC.
Isto, porque já é conhecida a intenção da Fosun acrescentar quota aos seus actuais 16,7 por cento para um valor a rondar os 30 por cento no próximo ano, o que indica a possibilidade de Isabel dos Santos poder estar a reflectir sobre um aumento de capital que euipare ao dos chineses ou ligeiramente abaixo para evitar discrepâncias quanto à tomada de decisões estratégicas para o futuro do maior banco privado em Portugal.
Isto, porque a Fosun está longe de ser um simples investidor na banca, tendo, nos últimos tempos adquirido uma seguradora, a Fidelidade, e o Hospital da Luz, o que permite adivinhar eventuais conflitos no que toca ao desenho da estratégia para o futuro da instituição bancária.
No entanto, tal como noutros bancos em Portugal , também o BPC está envolvido na questão da blindagem dos estatutos que, actualmente, impedem que os accionistas votem com mais de 20 por cento do capital, querendo a Fosun subir essa fasquia para os 30 por cento, estando, para isso, dependente da resposta que o BCE vier a dar resposta à demanda da Sonangol.
Alias, é dessa resposta que, segundo se sabe, a Fosun decidirá levar até ao fim a sua estratégia de subir o capital no BCP para os 30 por cento, em reunião que foi recalendarizada para 19 de Dezembro.
Para já, todos ganham. Com esta entrada da Fosun, e dos seus 175 milhões de euros no capital do banco, as acções do BCP treparam hoje mais de 6 por cento, estabilizando ao final da manhã numa subida de 3 por cento, para cerca de 1,30 euros por acção.