O Presidente da República, João Lourenço, avisou, no discurso sobre o Estado da Nação, pronunciado no passado dia 16, na abertura da primeira sessão legislativa da IV Legislatura da Assembleia Nacional, que não descansaria enquanto o país não tivesse um banco central que cumprisse "estritamente e de forma competente com o papel que lhe compete, sendo governado por profissionais da área".

Se a primeira parte da promessa do Chefe de Estado, de garantir que o Banco Nacional de Angola cumpra escrupulosamente o seu papel exige muito mais do que uma indicação, a nomeação de José de Lima Massano para o cargo de governador do banco central, hoje anunciada, concretiza o objectivo de entregar a liderança da instituição a profissionais da área.

Licenciado no Reino Unido em Contabilidade e Finanças (University of Salford, 1995), área na qual também é mestre (City University, 1996), Massano soma cerca de 18 anos de experiência na banca, iniciada no Conselho de Administração do Banco de Poupança e Crédito (1999).

Depois da passagem pelo maior banco estatal, o novo homem forte do banco central tornou-se, em 2006, presidente da Comissão Executiva do Banco Angolano de Investimentos (BAI), função que ocupou até 2010, ano em que foi nomeado governador do BNA.

À frente do regulador de Outubro de 2010 a Janeiro de 2015, data em que foi exonerado pelo então Presidente José Eduardo dos Santos, Massano foi considerado, em 2013, o melhor governador de um banco central de África, distinção atribuída pela The Banker, publicação económica internacional ligada ao Financial Times.

Segunda a revista, o gestor notabilizou-se por ter empreendido reformas na política monetária do país e no sistema bancário, especialmente entre 2011 e 2012, concretizadas na redução da taxa de inflacção para menos de 10% (no ano passado o valor acumulado foi de 42%).

A distinção da "The Banker" destacou também que o governador do BNA e o Executivo "não tiveram receio de tomar medidas controversas", dando como exemplo a lei cambial para o sector dos hidrocarbonetos introduzida no fim de 2012, que obrigou as companhias petrolíferas a operar no país a pagarem aos fornecedores através dos bancos locais.

Para além de ter feito história no banco central, José de Lima Massano é apontado como o principal obreiro da transformação do BAI no maior banco privado de Angola.

Aliás, o Banco Angolano de Investimentos é o único do país a integrar o top 25 das melhores instituições financeiras de África, elaborado anualmente pela revista The Banker, que há quatro décadas publica a lista dos 1.000 melhores bancos do mundo.

No currículo de Massano, de 47 anos, consta também a passagem pela presidência da Associação Angolana de Bancos e pelo Departamento e Contabilidade da Sonangol, a sua primeira experiência profissional.

À sua espera tem agora um banco central fragilizado, com as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) - reservas em moeda estrangeira necessárias para garantir importações - em forte queda, devido à crise financeira, económica e cambial que o país atravessa.

Os dados oficiais indicam ainda que o BNA diminuiu as vendas de divisas ao mercado primário, em torno de 42%, entre 2013 a 2016, tendo passado de uma média anual de USD 19.281,8 milhões para USD 11.180,9 milhões, respectivamente.