Depois de Kiev desmentir as informações, há cerca de uma semana, do CEMGFA russo, general Valery Gerasimov, de que 10.500 militares ucranianos estão cercados em Pokrovsk, cidade da região de Donetsk, e Kupiansk, em Kharkiv, Vladimir Putin fez uma inesperada e original oferta ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
E agora esta recusa de Kiev pode mesmo ser um erro de Zelernsky porque, na verdade, o que Putin lhe está a propor é um cessar-fogo, mesmo que temporário, na mais quenta área dos mais de 1.200 kms de linha de combates.
Seja como for, os ucranianos não aceitaram a proposta do líder russo e dizem mesmo que "não se pode confiar em Putin", alegando que em 2014 já tinha acontecido algo similar, com a abertura de um corredor humanitário no Donbass, que alegadamente Moscovo não respeitou, embora nessa altura, os combates fossem entre as forças leais a Kiev e entre os independentistas de Donetsk e Lugansk.
O anúncio da recusa veio do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Heorhii Tykhyi, que aproveitou ainda, numa publicação no X, para avisar que quaisquer jornalistas que aceitarem a proposta de Putin para entrarem nos "territórios ocupados" sem autorização estão a "violar a lei ucraniana" com severas consequências.
Esta intimidação dos media tem como pano de fundo a informação veiculada pelo lado russo sobre o cerco a mais de 10 mil soldados naquelas duas cidades, o que deixa uma boa parte das forças ucranianas â mercê da artilharia e drones russos, enquanto definham sem capacidade de reabastecimento.
Mas também a recusa dessa situação por parte de Zelensky, que veio garantir que Gerasimov e Putin mentem, porque as forças ucranianas em Pokrovsk e Kupiansk, apesar de em situação difícil, não estão cercadas, continuam a combater e o seu reabastecimento está a acontecer, apesar do que os russos dizem...
A questão de Pokrovsk e Kupiansk é das mais relevantes no actual momento do conflito porque, se a primeira cair, o conjunto de fortalezas criadas para conter os avanços russos no que lhes resta ocupar em Donetsk, será trespassado, o que levará ao colapso da resistência nas outras localidades desta linha defensiva, que inclui ainda Dobropillia, polo logístico, e, entre outras, Konstantinyvka.
Além disso, com a queda de Pokrovks, pouco ou nada poderá evitar o avanço dos russos para as margens do Rio Dniepre, passando por Kramatorsk, o que deixaria a Rússia com a possibilidade de dar por cumprida a sua Operação Militar Especial no Donbass (Donetsk e Lugansk) onde tudo começou, o que seria uma vitória inequívoca.
Todavia, tal não seria o fim do conflito que já vai para o 4º ano, porque os russos não conseguiram ainda tomar cerca de 20% de Kherson e mais ou menos 25% de Zaporizhia, as outras duas regiões também anexadas em 2022, a par da Crimeia, em 2014, após o golpe de Estado organizado e financiado pelos EUA e União Europeia onde foi deposto o Presidente pró-russo Viktor Yanukovich.











