Motivo de "orgulho nacional" até 2015, tendo sido referenciado como modelo para outros pontos do País, o fornecimento de água na província de Benguela representa, hoje, um pesadelo para a população das quatro cidades do litoral, que chegam a conhecer 72 horas de "seca", devido a lacunas detectadas num investimento de quase meio bilião de dólares norte-americanos, indicam informações recolhidas pelo Novo Jornal.
Homens, mulheres e crianças à procura de água nos últimos dias, num corre-corre patente em imagens virais nas redes sociais, enquanto o Governo Central prepara uma "intervenção de emergência", conformam uma realidade que traz à liça o Projecto de Águas de Benguela (PAB), que ficou pelas duas de três fases previstas.
A ausência da terceira fase, 18 anos depois do arranque, com a construtora brasileira Odebrecht como empreiteira, ajuda a explicar muito do cenário de crise, sobretudo quando se olha para um crescimento demográfico sem acompanhamento, mas não diz tudo.
"Não se construiu barragem na captação, no rio Catumbela", começa por assinalar o arquitecto Felisberto Amado, que destaca, entre "cinco falhas" do sistema de abastecimento de água de Benguela, a inexistência de dique, represa ou barragem.
Quando, a meio de Novembro, Benguela, Catumbela, Lobito e Baía Farta iam a caminho do quarto dia sem água, o professor universitário considerava inacreditável que as chuvas estivessem a condicionar o abastecimento numa província que "torrou muitos milhões de dólares neste sector".
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