Segundo o antigo ministro da Comunicação Social e director-geral da Rádio Nacional de Angola, por causa dessa situação chegou a ser acusado de ser corrupto pela Comunidade Europeia em 2017.

De acordo com Manuel Rabelais, a partir das orientações que recebeu do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, para que as operações fossem secretas e não deixassem rasto, fez transferências de valores para contas bancárias de três empresas suas que depois utilizou para fazer alguns pagamentos de serviços "a empresas europeias de marketing político, órgãos de comunicação social, jornalistas e influentes políticos".

"Por causa disso é que fui acusado de ser corrupto. No sentido de estar a branquear a imagem de Angola, das suas instituições, dos seus dirigentes e do partido MPLA", disse o réu, acrescentando que apenas pagou serviços, recusando ter corrompido.

Manuel Rabelais explicou que fez vários pagamentos a essas instituições e pessoas a partir das contas bancarias de três empresas suas para não expor o nome do Estado, uma vez que algumas operações eram de âmbito secreto, e, por essa mesma razão não aceitou detalhá-las em tribunal, alegando ser segredo de Estado.

Durante o seu interrogatório, o réu, que recentemente viu a assembleia Nacional suspender o seu mandato de deputado, disse em tribunal estar muito triste com uma série de "documentos falsos enviados a Angola pela Procuradoria-Geral da República de Portugal", de alguns bens luxuosos adquiridos pelo réu naquele País.

"O que me admira é que a PGR portuguesa apresentou documentos, quando na verdade eu não tenho aquilo. São uma falsidade tremenda os documentos enviados à PGR angolana", afirmou o réu.

Manuel Rabelais negou ainda ter gasto valores do GRECIMA em benefício pessoal em Angola e no exterior e reiterou que o Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração era um órgão adstrito à então Casa Militar do Presidente da República, mas afirmou que a sua gestão dependia apenas do Chefe de Estado e dele próprio enquanto director.

Manuel Rabelais, de 57 anos, está a ser julgado pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais e violação das normas de execução orçamental, relativos ao período de 2016 a 2017, no extinto (GRECIMA.