Estas palavras de Albino Dembo, que é o 2º vice-presidente do maior partido da oposição surgem em reacção às afirmações da vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, que no Domingo, em Moçâmedes, defendeu que a responsabilidade de um eventual adiamento das autárquicas seria sempre da responsabilidade de todos os partidos com assento parlamentar.

Isto, porque, alega a dirigente do MPLA, só será viável realizar as eleições autárquicas em 2020 se o pacote legislativo autárquico estiver devidamente aprovado no Parlamento.

Este pacote legislativo é composto por seis leis e destas já foram aprovadas quatro, faltando duas, que, curiosamente são discutidas hoje na especialidade, podendo ficar a faltar apenas a sua aprovação global final, cuja data ainda não existe.

"A maioria absoluta do MPLA sempre travou o desenvolvimento do País e pode inviabilizar as autarquias. Dizer que todos os partidos da oposição têm a responsabilidade por não estar ainda aprovado o pacote legislativo autárquico, não corresponde à verdade", disse ao Novo Jornal Simão Albino Dembo.

A título de exemplo, Dembo recorreu ao caso do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Silva Pereira "Manico", que tomou a posse sem a presença da oposição na Assembleia Nacional que protestou este acto por duvidas das suas condições e capacidades para o cargo.

"Mesmo constatando irregularidades no processo, o MPLA aprovou a tomada de posse do juiz Manico. E pode acontecer o mesmo com as autárquicas se decidirem não as realizar este ano", comparou.

Para a UNITA, a realização das eleições autárquicas em todos os municípios vai ser um acontecimento relevante, tendo em atenção as repercussões da existência de um poder local com capacidade para resolver problemas das populações, num quadro de descentralização administrativa.

"Daqui a dias vamos terminar o primeiro trimestre do ano. Não sabemos o dia nem o mês em que as eleições autárquicas terão lugar. O pacote autárquico não foi aprovado na totalidade. Quem é que está a inviabilizar este processo?", questionou.

Para a UNITA, segundo o deputado, "as primeiras eleições autárquicas, previstas para este ano devem ser vistas como uma força determinante de mudança".

"Os partidos políticos da oposição, a sociedade civil e toda a gente, estão de olhos postos neste processo. A descentralização administrativa vai, inevitavelmente, gerar mudanças na nossa vida política e acelerar o desenvolvimento", referiu.

O líder da bancada parlamentar da Coligação CASA-CE, Alexandre Sebastião André, disse existir um compromisso, a nível da Assembleia Nacional, cuja meta é implementar autarquias a partir deste ano.

"O poder local vai mudar muita coisa que está mal no nosso País. A implementação é fundamental", frisou salientando que o primeiro trimestre deste ano seria o período ideal para a aprovação do pacote legislativo autárquico.

Segundo este dirigente da CASA-CE, esta força política está a fazer tudo para que as eleições tenham lugar ainda este ano.

Este fim-de-semana, a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, disse, na cidade de Moçâmedes, província do Namibe, durante a cerimónia de lançamento da agenda política do seu partido, que o pacote legislativo está na Assembleia Nacional, em apreciação e discussão por todos os partidos.

"É um falso problema dizer que o MPLA é que não quer a realização das eleições autárquicas. Temos que nos engajar, sobretudo os partidos políticos que têm assento na Assembleia Nacional, envidar os esforços para que o pacote autárquico seja aprovado, o mais rápido possível, para que possamos caminhar para esse processo", acrescentou.

"Este pacote legislativo está na Assembleia Nacional, em apreciação e discussão por todos os partidos. Portanto, é um falso problema dizer que é o MPLA é que não quer", sublinhou.

A vice-presidente do MPLA voltou a sublinhar que o seu partido não é responsável por qualquer acção que vise retardar a aprovação do pacote legislativo autárquico.

"Não é verdade que o MPLA é o culpado. Temos que nos engajar todos, sobretudo os partidos políticos que têm assento na Assembleia Nacional, acrescentou.