Os 3,5 mil milhões de pessoas (metade da humanidade) mais pobres no mundo têm menos riqueza acumulada que os oito homens mais ricos do planeta e, como alerta a Oxfam, organização sedeada no Reino Unido que luta contra a pobreza nos cinco continentes, este fosse entre os multimilionários e os com menos posses continua a alargar-se.
Estes dados foram divulgados no arranque do Fórum Económico Mundial que todos os anos se reúne em Davos, na Suíça, para que os mais ricos e influentes do mundo analisem e definam o rumo da economia global.
Aproveitando estes números, encontrados a partir de dados do Credit Suisse e da Forbes, que assinalam a diferença estratosférica entre os mais pobres e os mais ricos da humanidade, a Oxfam lançou um alerta para que sejam criados mecanismos que permitam uma melhor distribuição da riqueza.
Esse "equilíbrio" só será possível se os mais ricos e influentes de Davos admitirem que o mundo transfira menos dinheiro para as suas próprias contas bancárias a partir de um mais afinado e socialmente menos injusto mecanismo planetário de redistribuição.
Esses oito mais ricos apontados pela organização britânica são Bill Gates (fundador da Microsoft), Amancio Ortega (dono da Inditex/Zara), Warren Buffett (investidor), o empresário mexicano Carlos Slim, Jeff Bezos (Amazon), Mark Zuckerberg (Facebook) Larry Ellison (Oracle) e Michael Bloomberg (empresário).
Como acontece todos os anos, os mais abonados do mundo reúnem-se em Davos a partir de amanhã e, de forma directa ou por representação de interesses, os oito indivíduos detentores de fortuna maior que a metade menos abonada da humanidade (3,5 mil milhões de pessoas) também lá vão estar.
Mas se os dados da Oxfam enchem o olho, há outros dados de impacto menos imediato, como foi também divulgado nas horas que antecedem a chegada dos milionários a Davos: a riqueza dos mais pobres está a diminuir, criando um fosse ainda maior entre estes e os mais ricos ou mesmo os remediados.
Isto, porque, como desmonta a Reuters, os dados existentes até há bem pouco tempo sobre a riqueza dos mais pobres estão desfasados da realidade, como se veio a verificar depois de terem sido integrados na equação os dados sobre a pobreza nos dois gigantes asiáticos, a China e a Índia, que, em conjunto, somam quase metade da humanidade.
Como recordam os media internacionais que somaram estas parcelas da miséria, entre 2010 e 2016 a situação alterou-se de forma dramática: enquanto há seis anos, era preciso juntar a fortuna dos 43 mais ricos do mundo para se chegar à riqueza acumulada pelas 3,5 mil milhões de pessoas mais pobres do mundo, agora bastam oito para superar a "fortuna" que se encontra nas mãos de metade da humanidade menos abastada.
Como distribuir melhor?
A Oxfam propõe como medida para alcançar uma melhor redistribuição, entre outras, a abolição dos benefícios fiscais para os mais ricos e a diminuição das fortunas pagas pelas empresas aos seus accionistas mais ricos.
"Se os multimilionários optam por doar o seu dinheiro, então é um bom comportamento. Mas a desigualdade importa e não podemos ter um sistema onde os multimilionários pagam sempre taxas de imposto mais baixas do que as suas secretárias ou funcionários da limpeza," afirma Max Lawson, responsável da Oxfam, citado pelo Jornal de Negócios.
Mas o mundo há muito que discute esta questão. Uma das formas mais eficazes de diminuir a pobreza e o fosso entre ricos e muito pobres é transferir tecnologia para os países pobres ou em vias de desenvolvimento, criando postos de trabalho através do investimento nas áreas produtivas.
O combate à corrupção é outra das ferramentas que já mostrou enorme sucesso na diminuição da pobreza porque permite uma mais natural distribuição da riqueza dos países, especialmente aqueles que possuem mais recursos naturais.