A pedido da organização cívica "Mudei", que através da rede social Facebook convocou a manifestação para exigir "solidariedade social", a Resistência Malanjina, os Jovens Unidos de Cacuso, a Associação M Ngola e outras organizações da sociedade civil responderam ao apelo e projectam reunir cerca de 200 pessoas, entre mototaxistas e populares descontentes.

O activista social Jesse Lourenço, 27 anos de idade, um dos organizadores, disse que a pretensão é "contestar a recém-política [do Executivo] que vai asfixiando a população, fundamentalmente com a retirada dos subsídios da gasolina e com a proposta de Lei que exige o controlo das actividade das Organizações Não Governamentais no país".

O Governo da Província de Malanje já foi informado, enquanto prossegue o processo de mobilização dos citadinos da capital provincial e dos municípios limítrofes [Cacuso, Calandula, Cangandala e Mucari], garantiu Jesse Lourenço.

Do município de Cacuso, 72 quilómetros da cidade de Malanje, saiu o activista cívico, igualmente responsável da Associação de Jovens Unidos local, Hamilton Neto, 34 anos de idade, espera que o protesto seja pacífico e ordeiro, depois de cumprido todo o protocolo administrativo requerido.

"A manifestação não carece de autorização, mas sim de comunicação. Fizemos a comunicação ao Governo Provincial ontem, quarta-feira, 14, e até agora nós não recebemos qualquer notificação por escrito a inviabilizar ou a mostrar motivos para a sua inviabilização", justificou Neto.

Segundo ele, o Governo local "vai respeitar o artigo 47 da Constituição Angolana, cujos propósitos deverão ser alcançados, de acordo com a programação articulada e minuciosa dos pontos de vista de segurança pública.

Em Cacuso as autoridades já protegeram os manifestantes numa das manifestações, disse o activista, que admite a aplicação de uma estratégia de colaboração com as instituições do Estado, mormente a Polícia Nacional. "No município de Cacuso há alguma comoção por parte da população, porquanto os preços dos produtos da cesta básica estão a subir, o serviço de táxi idem, o que vai tendo algum reflexo na vida real das populações", defendeu.

Os moto-taxistas e taxistas beneficiaram de cartões multicaixa, que "infelizmente não estão a funcionar, não estão a funcionar, por isso está a pesar a ira e o descontentamento da classe de taxistas".

"A manifestação convida todos os descontentes, que sentem este impacto, para publicamente se pronunciarem sobre a importância de [o Governo] pensar e considerar em voltar a subvencionar a gasolina", considerou o activista, que diz lutar por direitos há 4 anos.

O também activista social há 9 anos, Arismendes Mendonça, afirmou que depois da concentração na rotunda da Vila Matilde [Malanje sede], por volta das 10 horas da manhã de sábado, 17, a marcha prosseguirá até a cerca de 200 metros do edifício do "Governo da Província".

Grauíno Kidimacaji, que anda nestas "lutas" do activismo social há 8 anos, foi convincente ao explicar que aderiu a esta manifestação por causa do alto custo de vida.

"Estamos aí a falar da falta de condições de habitabilidade, do aumento do custo da cesta básica e da pouca participação do Executivo na gestão política".

"A juventude é abandonada, mas acarinhada somente em momentos de campanhas eleitorais e votamos para este mesmo Governo, agora exigimos aquilo que também é de direito, como uma educação de qualidade e maior eficácia no saneamento básico das comunidades", afirmou.

"Estamos cansados com este mesmo Governo, estamos cansados com este mesmo Executivo, é um Executivo informe que aposta, normalmente, em políticas erradas, não vivas e que não melhoram a situação social da sua população", jafirmou Grauíno Kidimacaji sobre a sua adesão à demonstração do descontentamento público.

Amotrang desmarca-se da manifestação contra subida do derivado do ouro negro

O delegado provincial da Amotrang, Eth Caculo, desconhece qualquer pedido de adesão dos filiados "àquela manifestação que é dos activistas, não dos mototaxistas", razão pela qual a esclarecimento sobre qualquer paralisação dos serviços na cidade e periferia é da responsabilidade "das pessoas que fizeram a informação, eu não sei de nada, está mal".

Eth Caculo está apreensivo com a ausência dos filiados para o levantamento dos cartões multicaixa de subvenção do custo da gasolina nos postos criados no Pavilhão Arena Palanca Negra, e referiu que "nem metade [recebeu], nem sei onde estão, há aqui muitos cartões".

O Gabinete Provincial dos Transportes e Mobilidade Urbana recebeu na primeira fase 1.205 cartões, até quarta-feira, 14, "restavam mais de 700, ninguém sabe nada. Estão aonde os donos dos cartões?", questionou, lamentando: "Não estão a vir, e só estou a referir-me ao município sede [Malanje]".

Mais de cinco mil moto-taxistas estão distribuídos por 142 placas [paragens] implantadas nos diferentes bairros do centro e periferia da cidade de Malanje.

Polícia Nacional assegura manifestação

Efectivos da Polícia Nacional (PN) vão assegurar a manifestação contra a alta do preço da gasolina que acontece no sábado, 17, por algumas artérias da cidade de Malanje, lê-se numa acta rubricada na tarde de quinta-feira, 15, no termo do encontro entre altas patentes da corporação e oito dos 14 subscritores da marcha.

O segundo comandante provincial da PN, Caetano Quitumbo (Quito), em representação do comandante provincial e delegado do MININT, defendeu a necessidade dos moto-taxistas procederem ao licenciamento dos meios de trabalho [motociclos] de forma a circularem no âmbito da legalidade.

Durante as discussões sobre roteiro, partida, percurso e fim, conforme transcreve o documento a que o Novo Jornal Online teve acesso, o comandante da Unidade Territorial da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), subcomissário Felisberto Catchapulula, lembrou as mortes ocorridas nas províncias do Namibe, Huíla e Huambo, "resultantes de arruaças protagonizadas por grupos de cidadãos que contestavam a medida do Governo na subvenção da gasolina".

Os agentes da Polícia solicitaram dos proponentes do protesto representados por Jesse Lourenço, Grauíno Kidimacaji, Arismendes Mendonça, Hamilton Neto e outros cinco activistas, maior responsabilidade no cumprimento das orientações das autoridades antes, durante e depois do evento.

No memorando de entendimentos, os manifestantes concordaram que não serão usados uso de meios que colocam em causa a integridade física de outrem".

Refira-se que, para garantir alívio e comprometimento das partes, entre outros oficiais participaram da reunião no anfiteatro do Comando Municipal da Polícia Nacional da capital (Malanje), a sua comandante, intendente Clélia Quissanga, o chefe de Departamento de Investigação e Ilícitos Penais, superintendente-chefe, António Francisco Dias (Mitó).

A manifestação do fim-de-semana poderá ser a primeira organizada por activistas cívicos depois das eleições gerais Agosto de 2022, a nível de Malanje, que as forças da lei e da ordem foram autorizadas a assegurar e não reprimir os participantes ou curiosos.