Os acidentes nas estradas são a segunda causa de morte em Angola, logo a seguir à malária, e o excesso de velocidade e o consumo de álcool são as principais causas da sinistralidade nas estradas angolanas.

Se o consumo de álcool quando se conduz foi alvo de um "ataque" em larga escala com a chegada, nos últimos dois anos, dos "bafómetros", aparelhos que medem a taxa de álcool no sangue, às estradas nacionais, quase ao mesmo tempo que a alteração à legislação que fez de Angola um país de quase "taxa zero" ao volante, o excesso de velocidade ainda não tinha um "antidoto"... até agora

Com a implementação dos novos sistemas de radar, com a mais recente tecnologia de controlo de velocidade, a DTSER assegura que nestes três primeiros meses o comportamento dos automobilistas tem sido positivo.

Isto, porque, para já, até porque não é obrigatório, as unidades de trânsito da Polícia Nacional optam por colocar um aviso electrónico de aproximação a área sob vigilância do radar, e isso tem contribuído para que os condutores moderem o andamento retirando o pé do acelerador.

Nos últimos dias, as operações com radares estão a preocupar os automobilistas porque temem que estes equipamentos sejam usados para aumentar a caça à multa e, por sua vez, à aos excessos das autoridades que não são novidade para os automobilistas em Angola.

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Mas a DTSER tranquiliza os automobilistas e diz que a implementação dos novos radares visa somente monitorar as velocidades dos carros para evitar acidentes e preservar a vida das pessoas.

O intendente António Silvestre Tenge, chefe da secção de prevenção rodoviária e operações da DTSER, em declarações ao Novo Jornal, disse que a implementação dos novos radares começou em Novembro último, em todo País, estando num crescendo sejam na intensidade do seu uso, seja na abrangência territorial.

Segundo este responsável, para além da aplicação da multa caso se confirme o excesso de velocidade, há também como factor importante a sensibilizações aos condutores para este problema, que é uma das principais causas da sinistralidade rodoviária em Angola.

Silvestre Tenge afirmou que o País tem condições para fazer do uso e controlo da velocidade dos veículos ao longo das estradas uma ferramenta ao serviço da comunidade e da paz nas estradas.

O oficial explicou que os novos radares trabalham ligados a um computador que permite extrair um comprovativo para o automobilista autuado verificar os dados que estão por detrás da coima, como a velocidade a que ia e qual o limite naquele local preciso.

Dos novos radares, segundo a DTSER, a província de Luanda, por ser a que possui o maior fluxo de viaturas do País, tem disponíveis, para já, oito unidades, enquanto as demais províncias têm três.

"Dos estudos feitos sobre a sinistralidade rodoviária em Angola, concluímos que uma das principais causas dos acidentes é o excesso de velocidade. Infelizmente é a terceira causa de morte no País até agora. Como queremos reduzir o número de acidentes nas estradas não tivemos outra hipótese senão a compra destes aparelhos", explicou.

O radar é o único instrumento que permite o controlo efectivo do excesso de velocidade nas estradas e a Polícia de Trânsito quer reduzir drasticamente os acidentes do País.

"Estes equipamentos ajudam na capacidade de alcance e na precisão das infracções por excesso de velocidade. E, semanalmente, sobretudo aos finais-de-semana e feriados, colocamos os radares em zonas por nós consideradas de risco para evitar excessos e acidentes", disse.

Entretanto, o chefe da secção de prevenção rodoviária e operações da DTSER, explicou que os pontos de actuação dos radares são feitos conforme a dinâmica do comportamento rodoviário.

"Os radares não são colocados de forma aleatória, é com base nos estudos feitos e nós identificamos pontos em função do que tem estado acontecer nos referidos troços", contou.

Por exemplo, prosseguiu, ao nível da província de Luanda são colocados, entre outras localizações, nas vias de Cabolombo, Via Expressa, estrada da Samba, 21 de Janeiro, Deolinda Rodrigues, estrada de Cacuaco e no centro da cidade.

Quando às demais províncias, o chefe da secção de prevenção rodoviária e operações da DTSER, intendente António Silvestre Tenge, disse serem as localizações mais comuns as estradas nacionais que são os locais de maior volume de acidentes resultantes do excesso de velocidade.

"As estatísticas aconselham-nos a que coloquemos aí os radares para termos o controlo. Felizmente, nestes três primeiros meses da sua implementação, os resultados têm sido positivos", referiu.

Automobilistas e populares surpreendidos com a presença de radar nas estadas

Desde a implementação dos radares dos últimos tempos nas estradas de Luanda e do País, os automobilistas e papulares mostram-se surpreendidos sempre que a Polícia de Trânsito monta esta operação nas estradas.

Condutores ouvidos pelo Novo Jornal disseram não haver divulgação da existência de radares nas estadas e que muitas vezes são surpreendidos pelos agentes reguladores de trânsito a informarem que cometeram infracções.

Outros admitem ser bom a Polícia de Trânsito fazer frequentemente as operações com radar para mobilizar e criar responsabilidade aos condutores.

Alfredo Domingos e Mário Ngola, dois jovens que o Novo Jornal encontrou na sede da Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária a levantarem os seus documentos apreendidos, depois de pagarem as respectivas multas, são de opinião que a DTSER devia sinalizar a existência dos radares para prevenir os condutores, sobretudos os taxistas, sobre o excesso de velocidade.

Mas o chefe da secção de prevenção da DTSER, explica que não é obrigatório fcolocar avisos da existência de radar nas estradas, porque os condutores conhecem as regras do Código de Estrada sobre o excesso de velocidade e as suas consequências.

"Os condutores sabem que na ausência de sinalização que lhe impõe limite, há regras! E uma delas é o limite dentro das localidades que é de 60 km/h", disse o oficial superior.

O facto de não ter sinalização em muitos lugares, prossegue o chefe da secção de prevenção rodoviária e operações da DTSER, os condutores devem ter a máxima prudência, porque todos os condutores devem saber que não é por haver sinalização que as regras de trânsito podem deixar de ser cumpridas.

António Silvestre salientou ao Novo Jornal que onde houver controlo por radar, certamente que há o bafómetro para aferir se o condutor consumiu ou não álcool além dos limites legais.

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"Infelizmente, outra das grandes razões para os acidentes, além do excesso de velocidade, é o consumo de bebidas alcoólicas", disse.

Entretanto, este oficial superior da DTSER, garantiu que os radares não são colocados em pontos permanentes e assegura que onde houver presença de controlo de velocidade, não há excesso de velocidade que fique impune.

António Silvestre Tenge salientou, porém, que onde houver colocação de radar, por agora, há um sinal a indicar o controlo de velocidade por radar. "Isso acontece, maioritariamente, fora das localidades".

Conforme este responsável, a abordagem ao condutor por parte dos agentes reguladores de trânsito é feito tão logo o radar detecte o excesso de velocidade.

O Código de Estrada angolano estabelece como limite máximo da velocidade dentro e fora das localidades, tanto para os motociclos, veículos ligeiros, automóveis pesados de passageiro, bem como os mistos, é de 60 km/h e 120 km/h, excepto quando existe sinalização vertical a impor outros limites como velocidade máxima.