Há décadas que se sabe que alguns dos minerais estratégicos mais importantes do mundo estão no subsolo da RDC, como o coltão ou o cobalto, além, entre outros, das incontornáveis terras raras, e que estes chegam às grandes multinacionais através de esquemas criminosos que usam a guerra a seu favor.
O leste da RDC é especialmente rico em minerais estratégicos, coincidindo com o facto de ser uma das regiões africanas que vive há mais tempo como palco de sucessivos conflitos e com milhões de pessoas deslocadas das suas terras devido à guerra e à violência usada para libertar áreas para exploração de minérios.
Recorde-se que as riquezas do subsolo congolês está a montante da decisão de europeus e norte-americanos em investir no Corredor do Lobito de forma a criar uma artéria alternativa ao Índico para a saída desses minerais através da costa atlântica angolana.
A maior parte das explorações de coltão, cobalto, cobre e terras raras estão na mão de empresas estrangeiras e a China lidera, de longe, tendo mesmo o quase monopólio em alguns sectores, como o coltão, excepto o que é extraído ilegalmente e, na sua grande parte, sob a capa de conflitos criados artificialmente com esse propósito.
Agora, depois de longos anos de ameaças, Kinshasa avançou mesmo com processos legais contra a Apple, que conta com os minerais congoleses para inundar o mundo com os seus famosos iphones, iPads, iPods, MacBooks...
Para o efeito, o Governo de Felix Tshisekedi criou uma equipa internacional de advogados que acabal de dar entrada em tribunais europeus de processos conta o gigante norte-americano das tecnologias da comunicação, com o foco nas suas subsidiárias directamente envolvidas no "negócio" dos minerais congoleses.
Na base da acusação está a alegada cumplicidade da Apple em crimes cometidos por grupos armados na RDC que controlam as minas ilegais no leste do país, junto às fronteiras com o Ruanda e o Uganda.
Acusação que é veementemente negada pela companhia norte-americana, que não só nega tal cumplicidade como reafirma que persegue e cumpre uma política estrita de compromisso com a origem benigna das matérias-primas que usa, negando que as suas linhas de abastecimento estejam contaminada com "minerais de sangue".
Em causa, segundo os advogados da RDC, está a inserção de porções relevantes de minerais como estanho, tântalo ou tungsténio, explorados ilegalmente, em zonas de conflito, nas cadeias legais de abastecimento internacionais, o que gera novos e renovados conflitos nas áreas mineiras do leste congolês.
Citado pela BBC, e depois pelo Africanews, um porta-voz da Apple garantiu mesmo que as suas linhas de abastecimento respeitam de tal modo a lei que assim que foi notado um escalar do conflito na RDC, "os fornecedores locais foram para suspenderem o trabalho das suas refinarias de tungsténio, tântalo, estanho e ouro" tanto na RDC como no Ruanda. (ver links do histórico destes conflitos em baixo, nesta página)