Os exemplos continuam a surgir um pouco por toda a parte, desde as tampas em ferro fundido que "estavam" na via pública, até praticamente qualquer elemento dos sistemas eléctricos que se procure instalar, mormente os de iluminação pública, e transporte e distribuição de energia. Estando-se a reabilitar a rede de IP na estrada Lobito-Benguela, o que acontece porque a anterior foi bastamente vandalizada, assiste-se a uma batalha inglória: instala-se de manhã para se roubar à noite, criando, para além da enorme subtracção de recursos ao erário público, um clima de frustração a quem procura realizar o trabalho.
A situação é preocupante, e há mesmo instituições, como as de ensino noturno, que, ou o passam para diurno, ou deixam de funcionar, porque os cabos eléctricos desaparecem.
As forças da ordem devem estar a enfrentar o mesmo problema que verifico no imbondeiro cerca de minha casa: mesmo com cal na base, o salalé constrói as suas vias ascendentes. Nós derrubamo-las com a arma que temos ao dispor: água. No outro dia lá estão as vias a ser iniciadas novamente. É uma batalha inglória.
Como também já se tentou a via legislativa, com o agravamento das penas para quem comete esse tipo de crime, suscitando discursos acalorados na Assembleia e até reacções que davam conta que hoje é mais grave roubar uma tampa de sarjeta que cometer um crime de violação (o que não sei se é verdade!), e os resultados não parecem satisfatórios, parece-me que não nos resta outra alternativa que agir contra os que estão do outro lado da cadeia (procurando encontrar a melhor forma de os enviar para lá!): os receptadores.
Eu penso, apesar de não ter feito um estudo aprofundado sobre o tema, o que, aliás, talvez se justifique, que o aumento do número de empresas que compram sucata teve um efeito perverso. É que, após o fim da guerra, que foi quando esse fenómeno se intensificou, particularmente nas zonas rurais onde havia activos semi-destruídos ou abandonados, os que se apropriavam dos metais, tinham que atravessar as fronteiras para os vender. Agora, qualquer pedaço pode ser vendido ai mesmo no bairro.
Fico a pensar se não se justificaria uma decisão draconiana: a proibição, ainda que temporária, da aquisição de metais, particularmente os mais apetecíveis, como o ferro fundido, o cobre e o alumínio, por parte das empresas de sucata que não tivessem um fiscal permanente - fiscal esse que teria que ser fiscalizado para que cumpra adequadamente o seu papel...
É verdade que sabemos que Pénia, a desgraçada pobreza, também tem uma quota parte de responsabilidade em toda esta situação.
Mas é preciso agir..

