No nosso país, historicamente, a desigualdade tem contribuído para a instabilidade política, já que as justificações por trás das reivindicações e tensões que fomos assistindo desde o período colonial tiveram sempre como principal argumento a incorrecta redistribuição dos benefícios gerados a partir da exploração dos recursos naturais que são considerados pertença de todos. Nesse sentido, exemplos de outras realidades indicam que nas sociedades onde há mais igualdade e equidade não só tendem a ser mais estáveis do ponto de vista político e social como também se recuperam mais rapidamente durante as recessões. Enquanto isso, as sociedades mais desiguais, como a nossa, são mais vulneráveis às crises sociais e políticas, acabando, estas, por desembocar em crises económicas e financeiras.

Embora um maior crescimento económico proporcione um aumento da renda nacional, não significa automaticamente que os investimentos públicos daí decorrentes vão em maior grau para as franjas mais desfavorecidas da sociedade ou que os recursos públicos sejam bem alocados. Sem medidas de redistribuição da riqueza adequadas, o crescimento económico acaba por beneficiar em grande medida os grupos sociais mais próximos do poder em detrimento de todos e, ante esse fenómeno, nossa economia continuará sujeita à incerteza e, portanto, tenderá a ser menos estável.

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