Segundo os serviços de imprensa da Presidência da República, a agenda do primeiro dia da visita, sexta-feira, será marcada por encontros com o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, e com primeiro-ministro Luís Montenegro, em São Bento.
Na parte da tarde, João Lourenço tem agendados encontros com empresários portugueses, no Palácio das Necessidades, antes da assinatura de quatro instrumentos de cooperação bilateral e da visita à Assembleia da República (AR), onde está previsto um encontro com o presidente da AR, José Pedro Aguiar Branco.
O Presidente angolano é o convidado de honra de um jantar oficial oferecido pelo seu homólogo português, no Palácio da Ajuda, reunindo-se, antes, na qualidade de Presidente em exercício da União Africana, com o grupo de embaixadores africanos acreditados em Lisboa.
No sábado, segundo dia da visita, João Lourenço e Marcelo Rebelo de Sousa participam, na Universidade Nova School of Business and Economics, em Cascais, no "Diálogo entre Presidentes", no âmbito do EuroaAfrican Forum 2025.
Durante a estadia em Portugal do Presidente angolano serão assinados quatro instrumentos de cooperação bilateral: um memorando de entendimento entre as duas agências, de Portugal e de Angola, de promoção do investimento externo, e um segundo memorando de entendimento entre a Agência Nacional de transportes Terrestres (ANTT) e o IP Engenharia (IPE) - Grupo Infraestructuras de Portugal.
Os restantes instrumentos bilaterais são um protocolo de cooperação entre o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros de Angola e a Autoridade Nacional de Emergências e Proteção Civil de Portugal e um protocolo de parceria entre o Ministério do Interior de Angola e o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa para a Implementação do programa de cooperação técnico - policial e proteção civil, para o biénio 2025-2026.
A visita de João Lourenço a Portugal acontece numa altura em que as novas disposições legais sobre a imigração, de iniciativa do Governo português, preocupam os Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Na sua entrevista à CNN Portugal, João Lourenço admitiu um "grande incómodo" com as novas leis da emigração, aprovadas pelo Parlamento daquele país.
"De facto, existe algum incómodo. O Brasil teve a coragem de manifestar já esse mesmo incómodo. Nós, até aqui, não dissemos nada, mas é evidente que estamos a seguir a evolução da situação com muita atenção", afirmou João Lourenço.
João Lourenço lembrou que um país com uma história tão longa de emigração deveria pensar melhor antes de fechar as suas portas aos que imigram para Portugal.
"Você só recebe na sua casa quem você quer, mas Portugal é um país de cidadãos que emigram bastante e que não é de hoje. Os portugueses emigraram para todo o mundo, o mínimo que a gente exige é que Portugal não trate os imigrantes que escolheram Portugal como um destino para fazerem suas vidas de forma pior do que foram tratados nos países que os acolheram ao longo dos anos", sublinhou o chefe de Estado angolano.
"Se tivermos em conta que hoje são uns, amanhã são outros. Ou no passado foram outros. Portugal mesmo é um país de cidadãos que emigram bastante. E que não é de hoje. Portanto, o passado de Portugal está muito ligado à emigração para o mundo", acrescentou.