O caso chocou a sociedade no primeiro dia de 2025: uma criança de dois anos, acompanhada pelos pais, deu entrada no banco de urgência, com traumatismo crânio encefálico grave, e foi atendida apenas duas horas depois de ter dado entrada nas urgências do Hospital Pediátrico David Bernardino e acabou por morrer. O Ministério da Saúde suspendeu a equipa e abriu um inquérito que confirmou que houve "negligência grave" por parte das médicas e dos enfermeiros que estavam de serviço nessa noite.
O MINSA esclarece que as três médicas e os dois enfermeiros da equipa envolvida, do Serviço Nacional de Saúde, vão ser demitidos, uma médica em formação complementar será expulsa, e este processo será encaminhado para a Procuradoria Geral da República, Ordem dos Médicos e Ordem dos Enfermeiros "para os devidos efeitos".
Em comunicado, o MINSA diz que a comissão de inquérito concluiu que "o atendimento imediato deste caso, manifestamente de emergência, poderia salvar esta vida, se desenvolvidos todos os esforços necessários e possíveis, no quadro das possibilidades que os avanços da medicina hoje oferecem".
Concluiu também que a ausência de enfermeiro na triagem e dos médicos nos consultórios nos primeiros 40 minutos e depois uma hora sem atendimento apesar das súplicas e choro do pai da criança, diminuíram consideravelmente as possibilidades de sobrevivência do paciente.
"A recusa do atendimento, já quando em contacto visual com o paciente e mesmo depois do diálogo com o pai, em imagens registadas pelas câmaras de videovigilância, constituem uma forte negação dos valores de solidariedade, compaixão, humanismo e assistência incondicional ao Bem Vida, ao qual os profissionais de saúde estão obrigados pelos juramentos profissionais, de Hipócrates para os médicos e de Florence para os enfermeiros", conclui igualmente a comissão de inquérito..