Está suspenso o processo de incorporação militar nas Forças Armadas Angolanas (FAA), aberto a 14 de Janeiro, por força do espectro de corrupção que leva a julgamento efectivos acusados de recebimento de valores para inserção de candidatos, alguns já condenados, como se verificou esta semana no Lubango, província da Huíla.
Ao Novo Jornal, fonte ligada ao Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas revelou que existem, em diferentes Distritos de Recrutamento Militar do País, mais de 50 efectivos suspeitos do crime de abuso no exercício dos cargos.
O objectivo, segundo a mesma fonte, é esclarecer todos os processos relativos à conduta indecorosa, com casos de há dois e um ano, para que a incorporação ora suspensa termine sem situações similares.
Na Administração Municipal de Benguela, onde vinham decorrendo inscrições, com milhares de jovens interessados, o NJ apurou que a reabertura deve ser um facto dentro de um mês.
"Foi inventado um pretexto, não se disse aos candidatos que a suspensão, que é a nível nacional, tem que ver com estes julgamentos", assinalou um técnico da Administração.
Neste momento, o Tribunal Militar da Região Naval Sul, em Benguela, julga dois efectivos, um cabo e um major oficial de recrutamento, que conhecem a sentença já amanhã, 31 de Janeiro.
Segundo o Ministério Público, João Isaías e Severino Pedro, associados a violações de normas que regem a disciplina militar, terão recebido 200 mil e 400 mil Kwanzas, verbas entregues por candidatos às FAA.
Numa das sessões, o advogado dos arguidos notou que o princípio da ampla defesa estava a ser manchado, mas o juiz refutou e garantiu que "será feita justiça".
No Lubango, os primeiros sargentos Adilson Almeida e Daniel Francisco foram condenados, pelos mesmos crimes, a 9 e 11 meses de prisão efectiva.
Quanto à suspensão do processo de recrutamento, o NJ abordou o Ministério da Defesa, que falou em "caso exclusivo" do Estado-Maior General das FAA.