A suspensão de todos os voos na rota Luanda-Lisboa-Luanda e Luanda-Porto-Luanda fica em vigor por tempo indeterminado. Com esta decisão, a principal rota aérea entre Luanda e o continente europeu, com cerca de 10 voos semanais, deixa assim de poder ser utilizada.

Esta medida foi tomada numa reunião que hoje teve lugar em Luanda entre a TAAG e a Comissão Interministerial criada pelo Governo para lidar com os riscos da pandemia.

Nesta mesma reunião também foi analisada a possibilidade de as restantes companhias aéreas que fazem ligações indirectas entre Luanda e Lisboa/Porto poderem deixar de realizar os seus voos para a capital angolana como forma de impedir quaisquer ligações com aquele país europeu, a viver actualmente uma situação de pandemia activa com centenas de casos e já pelo menos duas mortes confirmadas.

Recorde-se que o Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, viveu hoje momentos de caos após a chegada de dois voos com origem nas cidades portuguesas de Lisboa e Porto.

Centenas de passageiros que hoje chegaram a Luanda provenientes das cidades portugueses de Lisboa e Porto foram deixados sair sem a obrigatoriedade de cumprimento de 14 dias de quarentena como estava prevista pela Comissão Interministerial para a Resposta à Pandemia do Coronavírus, observou o Novo Jornal no local.

Segundo apurou o Novo Jornal no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, as centenas de pessoas que hoje chegaram nos dois voos da TAAG com origem em Portugal, opuseram-se à ida para quarentena obrigatória depois de alguns dirigentes e figuras conhecidas da sociedade angolana terem sido alvo de tratamento privilegiado.

Depois de deixarem o aeroporto, entre estes estavam familiares de ministros ou, entre outros, o político Abel Chivukuvuku, os restantes passageiros, cerca de duas centenas, revoltaram-se e recusaram seguir para a quarentena obrigatória, acabando por ser "libertados" ao final da manhã sem quaisquer restrições.

Portugal foi um dos três países europeus que entraram na terça-feira para a lista de quarentena obrigatória para todos os passageiros que cheguem a Luanda a partir de hoje, quarta-feira, 18, mas a chegada de dois voos quase em simultâneo, das cidades do Porto e de Lisboa, gerou uma enorme confusão, como o Novo Jornal acompanhou no local.

Segundo foi possível observar no Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, logo nas primeiras horas do dia de hoje, centenas de passageiros estavam a recusar seguir para quarentena, como, de resto, vários vídeos espalhados pelas redes sociais confirmavam.

Um dos passageiros provenientes de Lisboa foi o político Abel Chivukuvuku, que conseguiu deixar o aeroporto através de uma autorização especial, privilégio igualmente concedido a outros altos funcionários do Governo, soube o Novo Jornal no local.

Em declarações ao Novo Jornal, Chivukuvuku lamentou a forma "desorganizada" como o Governo está a lidar com esta situação, porque as pessoas que estão a chegar hoje a Luanda O Novo Jornal soube ainda que os passageiros dos dois voos, de LIsboa e Porto, foram colocados numa sala única enquanto aguardam que seja encontrada uma solução ao abrigo das actuais disposições anunciadas pela Comissão Interministerial para a Resposta à Pandemia do Coronavírus liderada pela Ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

Portugal, Espanha e França entram na lista de países com entrada restrita em Angola devido ao coronavírus Covid-19, tendo o Ministério da Saúde decretado a quarentena obrigatória, de, no mínimo, 14 dias, para cidadãos nacionais ou residentes estrangeiros que tenham estado nestes países.

Esta é uma das medidas decididas pela Comissão Interministerial para a Resposta à Pandemia do Coronavírus, que se reuniu hoje em para avaliar as medidas de Prevenção e o Plano Nacional de Contingência para o controlo da Pandemia COVID-19.

Os voos provenientes de Portugal, dois diariamente, não estão proibidos a partir de Portugal, porque, como revelou o primeiro-ministro português, António Costa, nas últimas horas, no âmbito das medidas locais de contenção da pandemia, os PALOP estão entre os países excepção no que toca a ligações aéreas.

O cancelamento destes voos por decisão das autoridades angolanas, apesar de estar já a ser anunciado em alguns media, ao Novo Jornal, o porta-voz da TAAG disse apenas que esse assunto está a ser analisado esta manhã.