"Teremos poucas hipóteses, poucas hipóteses de sobreviver sem o apoio dos Estados Unidos. Penso que isso é muito importante", disse esta sexta-feira, 14, Volodymyr Zelensky.

O líder ucraniano falava numa entrevista à televisão norte-americana NBC, nos bastidores da Conferência de Segurança de Munique, onde se reuniu com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance.

A entrevista foi transmitida horas depois do encontro, no qual Zelensky disse a Vance que a Ucrânia quer "garantias de segurança" antes de quaisquer negociações para pôr fim à guerra com a Rússia.

Pouco antes de se reunir com Vance, Zelensky declarou que só concordará em encontrar-se pessoalmente com o Presidente russo, Vladimir Putin, depois de um plano comum ser negociado com o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Vance disse a Zelensky que os Estados Unidos pretendem alcançar uma "paz duradoura" na Ucrânia, "uma paz que não mergulhe a Europa de Leste em conflito dentro de apenas alguns anos", na reunião que mantiveram, que o vice-presidente norte-americano classificou como "uma boa conversa", a que se seguirão mais "nos próximos dias, semanas e meses".

Zelensky disse acreditar que Trump é a chave para acabar com a guerra russa na Ucrânia, disse que o Presidente dos Estados Unidos lhe deu o seu número de telefone pessoal e apelou para uma paz "real e garantida" para o seu país.

"Estamos prontos para avançar o mais rapidamente possível para uma paz real e garantida", escreveu Zelensky na rede social X, elogiando a "determinação" de Donald Trump, que "pode ajudar a pôr fim à guerra".

Trump pôs fim a anos de apoio firme dos Estados Unidos à Ucrânia esta semana, após um telefonema de hora e meia com Putin (ver links em baixo).

Muitos observadores, especialmente na Europa, esperavam que Vance esclarecesse pelo menos um pouco as ideias de Trump sobre uma solução negociada para a guerra.

Na sua intervenção na conferência, Vance deu um sermão aos responsáveis europeus sobre a liberdade de expressão e a imigração ilegal no continente, avisando-os de que se arriscam a perder o apoio da opinião pública se não mudarem rapidamente de rumo.

"A ameaça que mais me preocupa em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é qualquer outro actor externo. O que me preocupa é a ameaça que vem de dentro, o recuo da Europa em relação a alguns dos seus valores mais fundamentais, valores partilhados com os Estados Unidos da América", disse Vance, alertando os líderes europeus: "Se tendes medo dos vossos próprios eleitores, não há nada que a América possa fazer por vós".