A informação foi avançada pelo coordenador da CIVICOP, Marcy Lopes, que avançou que as ossadas serão entregues depois de terem sido localizadas nas matas densas do Tchandji, na província do Bié.

"Após um rigoroso processo de verificação, testes e certificação genética-laboratorial, a CIVICOP entrega, esta sexta-feira, as ossadas de três oficiais-generais mortos durante o período de conflito armado no País às respetcivas famílias", acrescentou o também ministro da Justiça e de Direitos Humanos.

Reza a história que os três oficiais serviram na alta estrutura das FALA (braço armado da UNITA), com destaque para o general Bock, antigo chefe de Estado-Maior, foram executados em Abril de 2000, numa base militar da guerrilha, após terem sido responsabilizados pela perda da batalha de assalto à cidade do Kuito em Dezembro de 1998.

Refira-se que em Dezembro de 2023 a UNITA anunciou que decidiu abandonar a CIVICOP por esta "desvirtuar" a sua missão e se ter transformado num "destilador de ódio", responsabilizando o Presidente angolano, João Lourenço.

O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, disse que o partido tinha decidido declinar a sua participação na CIVICOP porque o organismo "permanece refém dos interesses espúrios do regime".

Adalberto Costa Júnior frisou que a situação tem sido constatada pelo partido "em diversos eventos e situações ocorridos ultimamente, não servindo, assim, para os fins que presidiram à sua criação: os da reconciliação nacional e da pacificação dos espíritos em Angola".

O líder da UNITA justificou a decisão de retirada, alegando que " o povo angolano voltou a assistir a uma incessante operação de busca e profanação de sepulturas em territórios que estiveram sob administração da UNITA no tempo da guerra civil, fora dos marcos e regras que devem reger o funcionamento da CIVICOP".

Um dos factos, aludiu na altura Adalberto Costa Júnior, foram as reportagens exibidas pela Televisão Pública de Angola (TPA), que mostrava imagens da Jamba, antigo bastião da UNITA no período do conflito armado, onde técnicos da Civicop faziam escavações em busca de ossadas das vítimas, alegadamente de Jonas Savimbi, líder fundador do partido, aí sepultadas.

A CIVICOP foi criada em 2019, por orientação do Presidente da República, João Lourenço, com vista a elaborar um plano geral de homenagens às vítimas dos conflitos políticos que ocorreram em Angola, entre 11 de Novembro de 1975 e 04 de Abril de 2002.

A Comissão é composta por representantes de departamentos ministeriais, órgãos de defesa e segurança do Estado, partidos políticos, confissões religiosas e sociedade civil.