Este apelo do Chefe de Estado congolês ao Chade demonstra as fragilidades das Forças Armadas da RDC (FARDC), corroídas por décadas de corrupção e infiltramentos pela intelligentsia ruandesa e ugandesa, incapazes de reduzir os avanços do M23.
Em menos de três semanas, os guerrilheiros do M23 tomaram as capitais dos Kivu Sul e Norte, Goma e Bukavu, e acrescentaram ao mapa das conquistas dezenas de pequenas localidades conhecidas pelas suas minas de minerais estratégicos, como, entre outras, o coltão.
A par dos avanços dos rebeldes liderados por Corneille Nangaa, que sustenta as conquistas em doses elevadas de violência, incluindo sobre as populações civis (ver aqui), e um forte apoio logístico, em armas e em homens, do Ruanda, também o Uganda começa a avançar para a RDC.
Se o Ruanda mostra estar interessado principalmente no Kivu Norte e Kivu Sul, devido às extensas reservas de minerais estratégicos para as indústrias 2.0 ocidentais, como o coltão, cobalto, `terras raras' ou ainda o lítio, o Uganda avança mais a norte, na província de Ituri. (ver links em baixo)
O leste congolês é composto pelas três referidas províncias, que respondem por grande parte dos recursos minerais da República Democrática do Congo, e que, para já, estão na posse do Ruanda através do seu braço armado no leste congolês.
As intenções do Uganda, um aliado do Ruanda nas incursões em território congolês, não são conhecidas, além da alusão à necessidade de combater a guerrilha das ADF, com ligações ao `estado islâmico', mas alguns analistas apontam que o Exército ugandês procurará proteger o flanco do M23 nas esperadas futuras tentativas de recuperar território por parte de Kinshasa.
Isso mesmo pretende Tshisekedi com o pedido de apoio ao seu amigo Mahamat Déby Itno, do Chade, visto que todas as suas tentativas de encontrar apoio regional, seja no âmbito do Processo de Luanda, seja no Processo de Nairobi, para solucionar as coisas pela via negocial, falharam.
Tal como falharam as "incursões" a Nova Iorque, para lançar o debate no Conselho de Segurança da ONU, como, de resto, voltou a suceder esta quinta-feira, 20, pela iniciativa da própria organização devido à escalada do conflito para um patamar regional alargado.
Até meio da tarde de hoje não havia informações sobre a resposta de Mahamat Déby Itno à solicitação de Félix Tshisekedi, que, recorde-se, esteve já esta semana, mais uma vez, em Luanda, para conversações com João Lourenço, embora não tenha sido avançado que semelhante pedido tenha sido feito ao Presidente angolano, e actualmente também da União Africana (UA).