"O partido apresenta-se bastante coerente com a história pois sempre assumiu sem quaisquer complexos a abordagem do seu passivo. Por esta razão soube pedir perdão oportunamente", diz uma declaração política da UNITA divulgada esta segunda-feira, 24, por ocasião das exéquias do general Altino Sapalalo "Bock".
Segundo a UNITA, no mais recente acto público havido em Luanda, no Calemba II, por ocasião das celebrações do 58º aniversário da fundação do partido, a direcção prestou atenção e renovou o pedido de perdão aos familiares das vítimas de processos internos.
"Como sublinhámos em ocasiões anteriores, muitos dos melhores filhos desta terra perderam as suas vidas na longa caminhada contra o colonialismo. Muitos, vítimas de lutas fratricidas entre os movimentos de libertação, muitos de massacres ocorridos neste país. Outros ainda, vítimas internas dos nossos próprios movimentos, sacrificando companheiros e camaradas", reconhece a UNITA.
Refira-se que os restos mortais dos generais Altino Sapalalo "Bock", Antero Vieira e Ndala Constantino "Assobio da Bala", mortos durante o conflito armado, foram entregues sexta-feira, 21, à família, pela Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP).
No domingo, 23, os restos mortais dos generais Antero Vieira e Ndala Constantino "Assobio da Bala" foram a enterrar nos cemitérios municipais do Kuito e do centro administrativo do Jimba Silili, da província do Bié.
Refira-se que em Dezembro de 2023, a UNITA anunciou que decidia abandonar a CIVICOP, acusando-a de "desvirtuar" a sua missão e de se ter transformado num "destilador de ódio", responsabilizando o Presidente angolano, João Lourenço.
O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, disse que o partido tinha decidido declinar a sua participação na CIVICOP porque o organismo permanecia "refém dos interesses espúrios do regime".
Adalberto Costa Júnior frisou que a situação tem sido constatada pelo partido "em diversos eventos e situações ocorridos ultimamente, não servindo, assim, para os fins que presidiram à sua criação: os de reconciliação nacional e da pacificação dos espíritos em Angola".
O líder da UNITA argumentou a decisão de retirada, alegando que "o povo angolano voltou a assistir a uma incessante operação de busca e profanação de sepulturas em territórios que estiveram sob administração da UNITA no tempo da guerra civil, fora dos marcos e regras que devem reger o funcionamento da CIVICOP".
Uma das situações, aludiu na altura Adalberto Costa Júnior, foram as reportagens exibidas pela Televisão Pública de Angola (TPA), que mostravam imagens da Jamba, antigo bastião da UNITA no período do conflito armado, onde técnicos da CIVICOP faziam escavações em busca de ossadas das vítimas, alegadamente de Jonas Savimbi, líder fundador do partido, aí sepultadas.
A CIVICOP foi criada em 2019, por orientação do Presidente da República, João Lourenço, com vista a elaborar um plano geral de homenagens às vítimas dos conflitos políticos que ocorreram em Angola entre 11 de Novembro de 1975 e 04 de Abril de 2002.
A Comissão é composta por representantes de departamentos ministeriais, órgãos de defesa e segurança do Estado, partidos políticos, confissões religiosas e sociedade civil.