1. Ana Paula Chantre Luna de Carvalho - Não é um quadro do sector, é considerada uma "outsider". A antiga governadora de Luanda foi nomeada ministra do Ambiente a 16 de Setembro de 2022 no Executivo formado após o pleito eleitoral de Agosto do mesmo ano. Encontrou já uma instituição com vícios e esquemas, deu conta deles e teve a possibilidade de os combater, mas acabou absorvida e envolvida na teia de corrupção e gestão danosa que há anos domina o Ministério do Ambiente (MINAMB). Existem fortes evidências que Ana Paula de Carvalho tem sido cúmplice e beneficiado dos esquemas de licenciamentos, estudo de impacte ambiental e aplicação de multas. O caso com a Sociedade Mineira de Catoca e a negociação da multa de 8 milhões de dólares é um exemplo de que estas práticas estão revestidas de ilegalidade, em que há dolo na aplicação de certas multas, visando criar uma situação para negociação e pagamento em benefício próprio e nunca em favor do Estado. Que destino foi dado para as viaturas recebidas da compensação sobre a multa aplicada à Catoca? A segunda prestação de um milhão de dólares falava em "serviços a apresentar futuramente", que serviços são esses? Há muitas queixas sobre a falta de condições de trabalho, de transporte e de apoio social para os funcionários. Os funcionários da fiscalização solicitaram uma audiência que nunca foi atendida e reclamaram por causa das "condições de trabalho precário", de falta de viaturas, bem como a reposição dos valores das receitas arrecadadas (sobre as multas) e acusam que estes valores acabam beneficiando funcionários alheios ao processo. A transparência na gestão do Fundo do Ambiente é outro dos temas, com acusações por parte das associações ambientais de que os valores do fundo não têm sido utilizados para a prossecução dos fins para o qual foi criado. Defendem que o fundo seja auditado e que o seu fim único não seja apenas a compra e o pagamento de viaturas e ajuda de custo à Ana Paula de Carvalho e a membros do seu staff. Não lhe é reconhecida competência e experiência para o cargo que ocupa e agora passa a ter o seu nome e imagem associadas àquilo a que a instituição se tornou: O Ministério da "Mixa".

2. Iuri Valter de Sousa Santos (Actual Secretário de Estado do Ambiente) - Segundo as nossas fontes, ele é o "mixeiro-mor". É ele que, há anos, controla e comanda o esquema. Em 2019, foi exonerado do cargo de chefe do Departamento de Licenciamento do Ministério do Ambiente pela então titular, Paula Francisco Coelho. As autoridades de investigação foram accionadas, ele foi expulso do gabinete e o seu computador portátil foi confiscado, começando aí uma relação de crispação e ódio com a antiga ministra. Atirado pelos cantos da instituição como um simples técnico, Iuri Santos renasce das cinzas com a nomeação de Adjani Costa para ministra da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA). Chegou a ser o responsável da extinta Direcção Nacional de Prevenção e Avaliação de Impactes Ambientais (DNPAIA). É já na gestão da actual ministra que é indicado para o cargo de Director Nacional de Tecnologias Ambientais (DNTA), altura em que ela exara um despacho executivo que dá poderes a este organismo para licenciar e fiscalizar empresas em termos de matéria ambiental, o tal despacho que nunca foi publicado em Diário da República e que não tem respaldo legal. Um verdadeiro conflito de interesses em que o tal organismo licencia e fiscaliza, ou seja, é árbitro e jogador. Mas tudo sido feito e organizado de formas a que Iuri Santos tivesse o controlo de uma das áreas de maior fonte de receitas e o epicentro da teia de corrupção interna. É na qualidade de responsável da DNTA que Iuri Santos negocia a multa da Catoca e faz o parecer da proposta de medidas de compensação.

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