O Chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, presidente em exercício da CPLP, fará a passagem de testemunho ao homólogo angolano, o Presidente João Lourenço, bem como o balanço dos três anos da sua liderança, iniciada em Julho de 2018 (a presidência de Cabo Verde foi prorrogada até 2021, a pedido de Angola e devido à Covid-19).

Um dos pontos altos será a ratificação, pelos Estados-Membros, do Acordo de Mobilidade Interna na CPLP, aprovado em Dezembro último no encontro do conselho de ministros da organização. "Logicamente, precisamos aqui que as pessoas circulem de forma vantajosa, de um e de outro lado, quer queira para países da Europa, como da América Latina, quer para o continente africano. As pessoas precisam de circular e de ter segurança dentro deste processo de circulação e, depois, trazer dentro de toda esta movimentação a presença empresarial", afirma ao Novo Jornal Bernardino Neto, especialista em Relações Internacionais.

O desafio da circulação e mobilidade entre os cidadãos da CPLP é uma das grandes prioridades deste encontro, bem como a adopção de uma estratégia em que ela se assuma como uma verdadeira organização de povos. A CPLP terá de ser, ela própria, um importante e relevante instrumento de aproximação entre povos e países.

A Cimeira de Luanda irá, certamente, estabelecer os critérios de circulação dentro da Comunidade. Angola terá de apresentar uma agenda para o desenvolvimento económico, social e cultural.

Numa organização que ainda se confronta com divergências existenciais, o reforço das relações políticas, económicas, sociais e culturais entre os países será outro dos desafios da presidência angolana. Uma estratégia de manutenção da paz e segurança dos Estados-Membros, onde a situação de Cabo Delgado, em Moçambique, vai, certamente, marcar a agenda. A afirmação da democracia e do Estado Democrático e de Direito, sendo uma organização que teve a língua como base na sua constituição, bem como a afirmação do Português como "língua de várias culturas e cultura de várias línguas" serão importantes para o reforço da importância da CPLP e da proximidade entre os povos, a aposta na investigação e ciência e a implementação de uma estratégia de cooperação académica e cultural.

A coordenação e cooperação no combate à pandemia da Covid-19, bem como a relação dos Estados com o Mar serão, também, uma abordagem interessante.

Angola tem uma experiência na Comissão do Golfo da Guinné e pode reforçar a sua experiência com os outros membros.

Olhando para dentro, o País poderá aproveitar esta sua presidência para promover e divulgar mais a CPLP entre os seus cidadãos.

Será importante fazer perceber aos cidadãos o que é a CPLP e quais as vantagens de pertencer à organização. As pessoas precisam de sentir a presença da organização no seu dia-a-dia, que pode ser feita através da criação de espaços de divulgação da instituição nos principais órgãos de comunicação social, a organização de palestras e eventos nas universidades.

É preciso que os cidadãos percebam que, apesar de ter sido fundada com base na língua portuguesa, hoje a CPLP encara novos desafios e precisa de ser mais presente e actuante em diferentes áreas.

Se os Estados-Membros e os cidadãos entendem que a CPLP não lhes resolve os seus problemas, não corresponde aos seus anseios e expectativas. Obviamente se focam nas organizações regionais que estão aí "à mão" e dão uma resposta rápida aos seus problemas.

O alargamento e maior representatividade de uma comunidade com pelo menos 250 milhões de pessoas são um desafio estimulante.