A oposição considera que o actual contexto do País, marcado pela crise económica e social, exige uma resposta firme e estruturada, para garantir a manutenção dos postos de emprego e sustentabilidade das remunerações e o poder de compra das famílias.

O Grupo Parlamentar da UNITA lamenta que a situação social das famílias tenha agravado o êxodo para Luanda, o centro da centralização do poder, que não pára de crescer, bem como os problemas a isso ligados.

De acordo com a UNITA, as zonas urbanas foram transformadas em zonas rurais devido à pressão demográfica e sente-se no País uma ausência total da governação local, com o Estado a evidenciar total incapacidade de prestar serviços à população nos seus locais de residência.

Para a UNITA, ao longo das fronteiras, as comunidades procuram por serviços básicos de saúde, educação e até acção social nos países vizinhos e uma boa parte da população economicamente activa pugna por emigrar porque não vê futuro em Angola sem uma administração autárquica autónoma capaz de prestar serviços públicos mínimos com eficiência e responsabilidade.

A UNITA que se solidarizou com as centrais sindicais e trabalhadores da função pública, cujas reivindicações considera "legítimas", insiste que o Governo deve ter um diálogo construtivo e consensual que permita uma saída airosa e evitar as consequências das greves.

O Bloco Democrático diz que a situação dos trabalhadores contínua critica no País, onde os preços dos produtos e serviços continuam a subir e os cidadãos queixam-se da perda de poder de compra.

"O País precisa de uma política progressiva de boa evolução que origine uma produtividade maior e sustentada. Uma maior massa salarial vai originar um maior consumo e estimular a expansão da economia angolana", disse ao Novo Jornal o secretário-geral do partido, Muata Sebastião, lamentando que o Executivo se mantenha em silêncio face à greve em curso no País.

"O Governo não cria políticas para valorizar a vida dos trabalhadores, porque são eles que criam riqueza para o desenvolvimento do País", acrescentou.

O porta-voz da FNLA, Ndonda Nzinga, defende que o Governo deve tomar medidas apropriadas para manter um ambiente macroeconómico favorável ao investimento interno e externo, à melhoria do ambiente de negócio e ao aumento da produção e produtividade.

"O elevado índice de desemprego entre a população economicamente activa, o crescente número de despedimentos em consequência do encerramento de vários postos de trabalho, a acentuada perda do poder de compra do salário real e os baixos salários, são o que mais preocupam a FNLA", esclareceu Ndonda Nzinga.

Recentemente, o Bureau Político do Comité Central do MPLA exortou as centrais sindicais a privilegiarem o diálogo como forma de resolução dos pontos divergentes do caderno reivindicativo, voltando à mesa de negociações.

O secretário do Bureau Político para a Informação e Propaganda, Estevão Hilário, que proferia a leitura da declaração do partido que governa o país, disse que o partido tem acompanhado o processo negocial entre o Executivo e as centrais sindicais "e, por isso, tomou conhecimento com preocupação da declaração de greve geral proferida pelas centrais sindicais".

O Presidente da República, João Lourenço, tem reiterado que o seu Executivo continua à procura de soluções para se inverter a actual situação económica e social dos angolanos.

"Estamos preocupados, mas estamos a trabalhar no sentido de melhorar a situação. O Executivo tem comunicado as medidas que tem vindo a tomar de evitar a especulação que alguns comerciais estão a fazer, aproveitando-se a entrada em funcionamento do IVA", disse o chefe de Estado.

O "1º de Maio" foi instituído em 1889 pelo Congresso Operário Internacional, na cidade de Paris, para destacar as conquistas no campo dos direitos laborais e promover uma sociedade mais justa e solidária, e sensibilizar a sociedade sobre a falta de condições de trabalho e remuneração justa, um quadro ainda por resolver em muitos países do mundo.

O Dia Internacional do Trabalhador tem origem na histórica greve geral de Chicago, ocorrida a 1 de Maio de 1886, na qual foram reivindicadas melhores condições laborais e salariais, tendo a data sido oficializada a 14 de Julho de 1989, no Congresso Operário Internacional, em Paris, contrapondo a situação que se arrastou até meados do século XIX, em que os trabalhadores viviam injustiças, maus-tratos, incertezas e falta de segurança no local de trabalho.

O contexto laboral desumanizante levou mais de 500 mil trabalhadores às ruas de Chicago, numa manifestação pacífica, para exigir a redução da jornada de trabalho para oito horas. A polícia, na tentativa de dispersar a manifestação, feriu e matou dezenas de operários. Ainda assim, os trabalhadores voltariam às ruas, quatro dias depois.