A manifestação, antecedida de protestos similares no município vizinho do Lobito, acontece dias após a Empresa Provincial de Águas e Saneamento de Benguela (EPAB) ter assumido um mau momento no domínio da produção e abastecimento, motivado por falta de investimentos desde 2013.

Agora, com o Programa Integrado de Infra-estruturas em curso, o sector beneficia de obras que visam repor a capacidade perdida, mas nem isso tranquiliza a população, tal como adiantou, em declarações ao NJ, o activista Leandro Tchiwale, membro dos Jovens Unidos pela Cidadania.

"A população das zonas altas, as mais afectadas, recorre a cacimbas, extraindo água bruta do rio Catumbela, é muito sofrimento", indica o activista.

Leandro Tchiwale salienta que muitas famílias foram mobilizadas para esta "marcha pacífica", que vai passar pela estrada nacional n. 100, de muita visibilidade, partindo dos bairros mais críticos.

De acordo com o activista, várias famílias fazem contas aos prejuízos decorrentes da compra de água em cisternas que aproveitam a situação para tirar dividendos.

"São quinze anos de sofrimento, por isso vamos marchar, vamos exigir das autoridades os nossos direitos", resumiu.

Na última semana, o presidente do Conselho de Administração da EPASB, Paulo Jorge, veio a público lembrar que a falta de investimentos, num período de crescimento de zonas habitacionais, coloca o sector numa péssima situação.

O gestor salientou que as obras em curso não vão resolver o problema, sendo apenas para recuperar níveis perdidos, realçando que a província ficou sem a terceira fase do Projecto de Águas de Benguela (PAB), avaliada em 300 milhões de dólares

norte-americanos.

O que está a ser feito neste momento custa 80 milhões de euros, valor inscrito nos 415 milhões que suportam as obras emergenciais.

O PAB foi executado pela construtora brasileira Odebrecht, que regressa a Angola, como noticiado, com benefícios de milhões em ajustes directos.