De acordo com Miguel Bartolomeu Miguel, administrador do Banco Nacional de Angola (BNA), 90% das RIL do país, em moeda estrangeira e que também servem para pagar as importações, "estão já a ser geridas pelo banco central".

Falando hoje aos jornalistas à margem de uma conferência sobre "Sustentabilidade das Reservas Internacionais", Miguel Miguel salientou que a actual gestão do BNA encontrou, em 2017, "um portfólio de activos descaracterizados, com grande parte deles geridos por entes externos". Acrescentou que as Reservas Internacionais Brutas estão estimadas actualmente em 16.000 milhões de dólares.

"O que fizemos, em 2018, foi um processo de reestruturação, que permitiu que grande parte das reservas sejam hoje geridas pelo BNA. Vamos continuar a fazer isso. Uma das metas de 2019 é que até 10% das nossas reservas sejam geridas por entidades externas", disse.

"Em 2017 cerca de 30% das nossas reservas eram geridas por entidades externas e estamos a mudar esse quadro", assegurou.

Miguel Miguel assumiu que existe um "visível declínio" das reservas internacionais de Angola, sobretudo a partir de 2014, justificando com a queda do preço do petróleo no mercado internacional e a "grande demanda de receitas cambiais para fazer face às importações".

"Isso não tem estado a reduzir. Por isso, com o nível de reserva que temos hoje, e com o nível de demanda que verificamos no mercado, particularmente, para as importações, chegamos à conclusão que, se assim continuarmos, não é sustentável", alertou.

Para o administrador do Banco Nacional de Angola, é "imprescindível" a aposta na "produção nacional e na diversificação da economia", para "reduzir a pressão de cambiais e se conseguir manter sustentável" as RIL do país.

"Se continuarmos a importar com os níveis que estamos a importar hoje e não começarmos a produzir, internamente, as nossas reservas não vão ser suficientes para fazer face ao nível de demanda que hoje se verifica no mercado. Daí que temos de investir na produção nacional e na diversificação da economia, essa é a chave", apontou.

A conferência de hoje, que decorreu no Museu da Moeda, em Luanda, foi organizada pelo BNA, no âmbito do seu ciclo anual de conferências.

Na abertura do encontro, o vice-governador do BNA, Rui Mingueis, recordou que a queda do preço do petróleo, principal produto de exportação do país, teve um "impacto brusco no fluxo de reservas do país".

"E a sustentabilidade das reservais internacionais, embora seja um elemento de preocupação, também deve ser visto como um elemento de esperança, como um desafio que o país precisa de fazer face, com confiança na capacidade das autoridades, do seu corpo empresarial, das famílias e de todos", referiu.