Num país em que ainda persiste a dificuldade de se reconhecer o mérito, a excelência e a competência das pessoas, num país em que a mediocridade e a maledicência continuam a ganhar palco, num país em que as referências escasseiam, em que os poucos e bons exemplos deixaram de ter espaço, é um orgulho termos dois compatriotas que com muito esforço e fé vão fazendo Angola acontecer aqui e pelo mundo. Mesmo com muitas incompreensões, forças de bloqueio e até mesmo adjectivações, lá vão eles trilhando caminhos distintos mas sempre com objectivos nobres e engrandecem a nossa Angola.

Paulo Sérgio Augusto é o dono do Carpe Diem, um investimento turístico na zona de Cabo Ledo , é um grande entusiasta e promotor do turismo nacional. Vem de uma família com veia empresarial que, além do Carpe Diem, detém a Drogaria Tropical e a Nossa Sombra. Paulo Sérgio transformou radicalmente a zona de Cabo Ledo e as suas gentes. Inconformado e irreverente como é, não se limitou a ter um empreendimento turístico pela zona. Pegou em rapazes daquelas comunidades e meteu-se mar adentro com eles.

Começou com meios rudimentares a ensinar-lhes surf, ninguém acreditou tanto naqueles rapazes como ele. Paulo Sérgio Augusto trouxe novos e grandes mundos ao pequeno e limitado mundo dos miúdos da Aldeia dos Pescadores, da Praia da Dengue e outros locais. Colocou Cabo Ledo no mapa não apenas com o seu Carpe Diem, mas com a realização de vários eventos desportivos. Como resultado da sua fé, coragem, determinação e também investimento, Angola consegue participar pela primeira vez no Mundial de Surf que decorre neste momento em El Salvador.

O percurso para chegar até aqui não foi fácil, muitas portas se fecharam e poucas se abriram, e ele lá teve de abrir os cordões à bolsa para garantir que três atletas angolanos ( dois com 16 anos e um com 17 anos), um treinador, uma assistente e ele, como chefe da delegação, estivessem presentes neste importante evento, e lá voltou a colocar Angola no mapa e a fazer história. Ainda assim levou uns bafos por "ousar" usar a marca Angola sem uma alegada "ordem superior". Enfim, há coisas fantásticas entre nós.
Yuri Simão "Kizua" do Bairro Popular é um jovem que conheço desde os tempos dos movimentos estudantis das universidades em Luanda. Foi sempre um sonhador, batalhador e bastante criativo. Lembro-me de um torneio de basquetebol universitário que organizámos (Álvaro Fernandes e Lucas Guimarães também fizeram parte) em que deixamos o nosso patrocinador pasmado porque no fim apresentámos contas certinhas e entregámos o troco.

Um comunicador nato e de excelência, anda há anos no mundo do espectáculo e do desporto, onde é agente FIFA. Trago-o aqui por causa de uma marca que criou e que hoje já não é apenas "de angolanos para angolanos", hoje o Show do Mês é mesmo "de angolanos para o mundo". É uma marca que marca. Uma iniciativa cultural com forte impacto social e histórico. Cada evento do Show do Mês é um verdadeiro exercício de memória, é um resgate da nossa história, dos nossos valores e tradições, é ainda um encontro de gerações, conseguindo ser algumas vezes também um espaço de promoção gastronómica. É importante quando se criam espaços e momentos para unir pessoas em torno daquilo que temos de melhor, quando alguém consegue com uma

equipa bem estruturada agregar valores e criar momentos únicos.
Organização, foco, visão e estratégia são elementos que fazem parte do sucesso de Paulo Sérgio Augusto e de Yuri Simão. São dois filhos desta Angola que muito nos orgulha. Podiam ficar no seu canto a ver cifrões e a olhar apenas para os seus negócios, mas decidiram fazer algo maior e melhor. Decidiram promover Angola, a sua história, a sua cultura, o seu turismo, a sua gastronomia e o desporto. E hoje passaram a ter honras de um editorial do Novo Jornal. Obrigado, Paulo Sérgio Augusto e Yuri Simão. Vocês fazem crescer em nós o orgulho de sermos angolanos.