Neto de Miranda era também conhecido nas lides futebolísticas por Garrincha. Era extremo-direito do clube União São Paulo (tinham a sede perto do Cine Colonial). O nosso Garrincha era muito veloz e habilidoso, fazia fintas como fazia o Garrincha do Brasil. Chegou ainda a jogar pelo Atlético de Luanda.

Homem respeitado e respeitador. Homem educado e educador. Pai zeloso, marido dedicado e avó protector. A rádio fez dele um comunicador, um conhecedor desta Angola que muito amou e defendeu. Foi a rádio que o levou a conhecer a mulher da sua vida, a sua companheira de sempre, a D. Maria Alcina, que também andava, na altura, nestas coisas de rádio lá no Kwanza-Sul.

O trabalho no Banco Comercial de Angola, a magistratura que abraçou num período difícil da Angola independente. O juiz justo e amante da Justiça. "O juízo é um sacerdócio e o juiz tem que ser o líder da comunidade em que está inserido. Tem de ser respeitado e respeitador", dizia durante a entrevista.

Na entrevista, Neto de Miranda não se esqueceu dos filhos Sandra, Patrícia, Tânia e Kilas. E quando lhe perguntei sobre a relação com eles, respondeu-me:

"São a minha maior glória. Não é o dinheiro, porque até faço uma vida simples. Mas sinto-me orgulhoso porque as pessoas que lidam com os meus filhos me vêm dizer que são pessoas nobres, e eu fico muito feliz!".

Obrigado pela conversa e pelas vivências, kota Neto de Miranda! Descanse em paz!