Cada país adopta ou impõe as medidas que pensa serem as melhores para a protecção dos seus cidadãos, havendo algumas mais rígidas e outras nem tanto. O uso das mascaras é dos melhores exemplos para mostrar como os países estão a encarar a prevenção. Enquanto em alguns países o uso das mascaras não é obrigatório, por alegadamente abafar alguns direitos dos cidadãos, noutros é obrigatório, mesmo que o cidadão esteja sozinho, como foi o caso de Angola.

Cá, na banda, a coisa apertou desde que estalou a situação de calamidade e os casos começaram a aumentar de forma assustadora. Logo, a medida mais famosa e até agora controversa foi a obrigatoriedade no uso das máscaras por todos os cidadãos na via pública sem olhar à idade (nem os bebés escapam), estado de saúde (se o cidadão for asmático, se tiver bronquite, renite alérgica, sinusite ou outra doença respiratória que não permita o uso prolongado de máscara) ou ainda se estiver sozinho num raio de vários metros quadrados ou ainda sozinho dentro de uma viatura com os vidros fechados. No entanto, essa mesma medida oferece algumas excepções temporárias, como o não uso das máscaras em restaurantes, bares, cafés, lanchonetes, roulottes e outros locais, abertos ou fechados, que vendam bebidas e pitéus e onde supostamente os cidadãos que la se encontrem, ainda que em número elevado, não estejam a usar a dita máscara.

Uma outra excepção aparece na hora do matutino, quando os cidadãos estão a praticar exercício físico, porque as máscaras impedem a normal e saudável troca gasosa. A maka é que muitas pessoas estão a fazer exercícios em grupos, outras ainda aproveitam o matutino para irem namorar ao luar ou ao solar tipo nada, e praticar outros exercícios, cujos resultados começarão a chorar dentro de 6 a 9 meses.

O não uso das máscaras fora das excepções previstas pela lei é punível com multa pecuniária e pode até (tem sido hábito) dar lugar à "retenção" do cidadão até que a "tala" multa seja paga por outrem. No entanto, o controlo do uso correcto das máscaras na via pública tem sido manchado pela prática de excessos por alguns cidadãos que têm a missão de trajar uma farda, carregar uma arma de fogo, ter sobre si a responsabilidade de ter a vida de alguém nas mãos durante a sua importante missão de garantir a ordem, tranquilidade, paz, legalidade e outros aspectos imprescindíveis para que a vida e os seus direitos em sociedade possam estar protegidos. Há relatos de várias situações em que o uso da força foi excessivo, chegando mesmo a causar a morte de mais de um cidadão, por falta do uso da máscara.

O caricato é que os cidadãos que têm o poder de autoridade para fazerem cumprir a lei são esses também os primeiros que muitas vezes ngombelam a tal lei sobre a obrigatoriedade do uso correcto da máscara em locais públicos. Várias vezes são vistos fardados, armados, mas sem máscara ou com a máscara mal posta, pendurada ao queixo durante o cumprimento do nobre dever, criando algum descontentamento por parte dos cidadãos que são interpelados por quem não esteja a usar a máscara. Esse incumprimento (desleixado ou propositado) tem levantado algumas questões porque quem incumpre é quem deve dar o exemplo, porque obriga à obediência da lei. Assim, têm surgido questionamentos na esperança de que alguém da equipa que vela pela criação, aprovação e implementação das medidas possa responder:

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