É o que acontece sempre quando alguém tenta falar sobre um assunto que não domina. Com a sua insinuação recente no Novo Jornal, demonstrou claramente ao mundo inteiro que não sabe de nada sobre o que acontece nas pesquisas modernas sobre substâncias naturais. Deixe-me esclarecê-lo um pouco, tirá-lo das suas alucinações, das suas "certezas" tão falsas quanto ultrapassadas.

Escreveu e afirmou que o VK500 são apenas plantas secas e encapsuladas em França e vendidas no mundo? Aparentemente não sabe que a França só aceita embalar um remédio no seu território quando este produto é certificado por ela, através do seu Instituto Nacional da Propriedade Industrial?

O senhor não sabia com certeza que o VK500 tem um certificado de invenção atribuído em Paris no dia 19 de Agosto de 2005, sob o número 02 00992?

Este certificado que encheu de orgulho a africanos e europeus, pessoal ligado ou não à Drepanocitose, foi publicado no Diário da República Francês, no capítulo sobre a Propriedade Industrial, número 05/33. O número da publicação é 2 855 056. É bom que o saiba!

O VK500 tem de igual modo a autorização para vendas n.º 7184/08, emitida pela UEMOA.

O que o senhor repetiu no jornal é exactamente o que disse nos anos 90 para tentar tirar o interesse da população angolana num produto que não era supostamente bom. Mas o tempo tudo resolveu, amigo! E eis que o produto que o senhor apresentou (e apresenta) incansavelmente como um embuste, que não era bom, recebeu um certificado internacional de invenção, atribuído pela República Francesa, através do seu prestigiado Instituto Nacional encarregue de analisar as novas descobertas científicas.

Etapas pelas quais passou o processo do VK 500 até ser certificado, como toda e qualquer pesquisa científica no domínio dos fármacos. Obtenção, passo a passo, do seguinte:

1. Os resultados dos estudos da toxicidade aguda de cada uma das plantas que compõe a fórmula do novo medicamento, o que se chama a DL50.

2. Os resultados dos estudos da toxicidade aguda da mistura das plantas que compõe a fórmula.

3. A toxicidade crónica de cada uma das plantas considerada de maneira separada e a toxicidade crónica da mistura de todas elas.

4. Os nomes das moléculas activas, suas fórmulas e todos os estudos farmacêuticos realizados sobre as mesmas.

5. Os resultados dos ensaios em fases: 1ª fase, 2ª fase e 3ª fase.

Aposto que é pela primeira vez na vida que o senhor Luís Bernardino ouve falar sobre o modo como o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) de Paris atribui um certificado.

O primeiro ano que se segue à entrega do dossier, o INPI faz o que se chama de Estados Anteriores à Técnica. O que isso quer dizer? O INPI procura tudo quanto se faz para tratar a doença antes da vossa descoberta e compara a eficiência da vossa descoberta às dos outros, a facilidade de administrar a vossa descoberta e a sua inocuidade. Importa dizer que a vossa descoberta deve estar acima dos outros remédios já administrados.

Isso quer dizer que depois de vossa pesquisa ter passado quatro anos, o INPI acaba por dar ao vosso produto o precioso abre-te sésamo, o CERTIFICADO DE INVENÇÃO, o que significaria "au finish" que o vosso produto, a vossa descoberta, está acima de todos os outros medicamentos que se administravam antes.

No segundo ano, trata-se da Pesquisa de Anterioridade. O que isso quer dizer? Isso significa que o INPI fará pesquisas no mundo inteiro para se assegurar que o proponente é o único inventor dessa descoberta, para se evitar atribuir a paternidade de um produto a quem não é o seu verdadeiro autor.

Como é possível que o senhor que se jacta de ser a eminência parda do conhecimento em saúde do vosso país (basta ver o modo arrogante como desvaloriza, por exemplo, tudo o que é feito pela Comissão Interministerial de Combate à Covid-19 em Angola), não fazer parte da lista dos cientistas com quem o INPI trabalha ao redor do mundo?

Prosseguindo: no 3º ano, o INPI torna público a vossa fórmula e envia-a a todos os laboratórios para emitirem as suas opiniões e avaliações. O INPI solicita ao inventor que se coloque à disposição dos laboratórios até uma data determinada para que possa responder a todo e qualquer questionamento colocado ao seu trabalho.

Aparentemente o senhor não sabe nada sobre tudo isto. Deve estar a ouvir falar destes procedimentos pela primeira vez. Pois...

No meu caso, depois de ter recebido esta certificação pelo trabalho no dossier VK 500, fique a saber que depositei outros estudos e a respeito deles obtive outras certificações. E, acredite-me, tudo isto passa de longe as vossas débeis capacidades intelectuais. Este campo, este terreno, não é para todos!

Na verdade, com esta fixação anti-VK 500, o senhor tenta fazer crer há décadas aos pacatos cidadãos angolanos (e não só) que os quer proteger contra falsos medicamentos! É uma cruzada doentia, cruel e sem sentido!

Mas nada disto acontece por acaso. Todos sabemos que faz tudo isso para poder colocar no mercado um medicamento que mata. Sim, que mata!

Em 1991, em Nice Acropolis, organizámos uma grande conferência para discutir uma maneira eficaz de se avançar na luta contra a Drepanocitose, sobretudo na sua forma grave SS.

Curiosamente, o senhor que quer fazer crer a todo o mundo que tem muito conhecimento em relação à Drepanocitose e que a vossa competência nesta matéria é reconhecida mundialmente, não fez parte dos convidados que debateram profundamente a doença naquela ocasião. Você não foi convidado. Mas eu fui! Fui recebido à entrada do grande evento pela pessoa que esteve na base de toda a organização, e ainda tenho a vasta correspondência que trocámos.

Nessa ocasião, o medicamento que o senhor quer a todo custo vender em Angola foi declarado muito tóxico para ser administrado aos pacientes com drepanocitose. Tinha sido simplesmente utilizado na fase 1, em três pacientes que acabaram por morrer.

Muito curiosamente, encontramos o senhor alguns anos mais tarde a tentar vender este medicamento aos cidadãos angolanos que, sem o saberem porque confiavam no seu médico, estava a administrar-lhes a morte. O que não sabe é que os doentes se apercebem da degradação progressiva do seu estado de saúde com o uso do medicamento que o senhor lhes obriga a ingerir.

Continuando com os factos da história: o que se passou em Cotonou quando o seu camarada conferencista tentou falar das "bondades" desse medicamento? Esqueceu-se disso? Tive a amabilidade de dizer ao seu amigo que tinha a obrigação de voltar ao púlpito e dizer a todos os presentes os perigos do uso desse medicamento, tendo em conta a sua elevada toxicidade. Quando o seu amigo voltou ao púlpito todo trêmulo para desfazer as inverdades que dissera à plateia, porque o senhor Luís Bernardino, ali plantado na sala, não teve a audácia de tomar a palavra para defender o que quer que seja?

Ali mesmo o senhor foi acusado de utilizar nas populações um medicamento altamente tóxico e não recomendado, por isso o senhor e seus acólitos desapareceram muito rapidamente de Cotonou.

O senhor ignora se calhar que, para impedir a utilização de maneira selvagem da droga que tanto defende, nós, uma centena de cientistas pan-africanos, endereçámos ao Tribunal Penal Internacional uma queixa contra a utilização desse medicamento, queixa que foi aceite.

Se continuar nessa posição de defensor de um remédio altamente tóxico, coloca-se no lado dos que orquestram este genocídio dos drepanocíticos e será um dia processado.

O governo angolano avançou na rota do desenvolvimento de África. Todo o mundo reconhece hoje que as plantas africanas auxiliam no tratamento de inúmeras doenças e que o seu poder curativo é conhecido há milhares de anos.

É hora de se começar a pensar na construção de laboratórios em África, para produzir medicamentos com base nas plantas.

Senhor Luís Bernardino, tente acordar. Desperte para o novo tempo. Livre-se desse preconceito que o desgasta e embrutece. Ofereça-se uma reforma tranquila, consciente sempre de que defende ideias velhas e caducas.

Nós, no Benin, decidimos avançar. Estamos a produzir os nossos medicamentos a partir das nossas plantas. Este desígnio faz parte de um programa de acção do nosso governo e trabalhamos dia e noite ao lado do jovem Presidente Talon para atingirmos uma alta performance nesse percurso!

Desejo-lhe uma vida longa!

Tenho dito.

*Médico