Lembrou que a crise económica que o país atravessa não começou com a sua chegada ao poder, há dois anos, mas sim em 2014, não só pela queda do valor do barril de petróleo mas também por causa do pesado serviço da dívida que está agora a ser cumprido.

"A crise económica não é de hoje, começou em 2014 e foi-se agudizando", disse, apontando a questão da divida que Angola tem e do esforço que é exigido para cumprir os compromissos assumidos, especialmente porque grande parte do modelo de pagamento dessa mesma dívida tem o petróleo como colateral.

Isso, sublinhou, tem prejudicado o país porque grande parte da sua produção petrolífera está comprometida com a necessidade de honrar o serviço da dívida.

Estes esforços exigidos ao país são, para João Lourenço, incentivos a que a sua prioridade no combate à corrupção, à impunidade e pela moralização da sociedade angolana prossiga por serem "indispensáveis ao progresso da sociedade e ao desenvolvimento sustentável".

Para os quais é ainda fundamental, disse, prosseguir com o esforço de fazer de Angola um verdadeiro Estado Democrático e de Direito, essencial para levar a que o país seja um destino privilegiado do investimento" internacional.

Lembrou que "são muitas as medidas" já aplicadas pelo Executivo para "mudar a forma como o mundo olha para Angola", o que, no entender do Presidente da República, é o caminho certo para fazer de Angola esse destino importante para os investidores estrangeiros.

No discurso onde fez a sua radiografia ao país e o que nele mudou desde que assumiu o poder, a 26 de Setembro de 2017, o Presidente da República assumiu que ainda há muito para fazer de forma a melhorar a vida das pessoas e ir de encontro aos desejos que o povo angolano manifesta.

"Embora tenha aplicado o melhor dos meus esforços no programa de governação, tenho consciência de que ainda há muito para realizar para satisfazer as necessidades do povo", enunciou.

Lourenço, no longo discurso, mais de duas horas, com que se dirigiu à Plenária da Assembleia Nacional, destacou o papel da Justiça nestes dois últimos anos, de 2017 a 2019, afirmando que a Procuradoria Geral da República, através da Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção (DNPCC), abriu 192 processos de inquérito, o que é 10 vezes mais do que nos cinco anos anteriores à sua governação.

O Presidente da República lembrou ainda, numa intervenção onde abordou assuntos de todos os departamento da governação, que entre 2012 e 2017 foram entregues 288 declarações de bens de servidores públicos e só nos últimos dois anos, esse número subiu para 1327.

Destacou ainda os dois processos judiciais mais mediáticos que envolveram figuras públicas com responsabilidades no Estado, como os 500 milhões de dólares recuperados do exterior, que envolveu o então Presidente do Fundo Soberano, José Filomeno dos Santos, e ainda o processo que ficou conhecido como o "caso CNC", o Conselho Nacional de Carregadores, sob tutela do Ministério dos Transportes, que levou à condenação do ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás.

João Lourenço fez ainda questão de colocar em evidência os 45 processos que permitiram a recuperação de mais de 4 mil milhões de dólares desviados ilegalmente do Estado.

Numa resposta aos que lhe têm pedido contas sobre a promessa da criação de 500 mil postos de trabalho, nomeadamente aqueles que participaram em recentes manifestações com esse propósito, João Lourenço avançou que já foram criados 161 mil empregos desde que chegou à Presidência.

Entre 2017 e 2019, notou o Chefe de Estado, foram criados 161 mil novos postos de trabalho, o que corresponde a cerca de um terço do meio milhão de empregos que conformaram uma das suas mais destacadas promessas eleitorais e aquela que mais lhe tem sido reivindicada, como foi o caso de um grupo de cerca de 20 jovens que hoje pretendiam - entretanto dispersados pela polícia - dirigir-se à Assembleia Nacional com cartazes a exigir precisamente o cumprimento dessa promessa.

Estes 161 mil empregos foram criados nos sectores empresariais público e privado, explicou.