O MPLA apelou à unidade, coesão e a um diálogo permanente entre diferentes actores da sociedade, na busca das melhores soluções que possam levar à superação dessas dificuldades.

"É nosso dever procurar desenvolver esforços redobrados para que, mesmo na actual situação de adversidade, consigamos assegurar uma cesta básica que garanta a sobrevivência dos cidadãos, e não pôr em causa a sua saúde reprodutiva", disse o líder do grupo parlamentar do MPLA, Américo Cuononoca, quando apresentava a declaração política na discussão do OGE 2020 na Assembleia Nacional.

A deputada da UNITA, Amélia Judith, que leu a declaração política do seu partido, lamentou que Angola tenha mergulhado numa espiral negativa.

"O avião do Presidente João Lourenço está em queda livre. É preciso um novo comandante", disse, salientado que a falta de políticas sociais do Executivo está a asfixiar os cidadãos.

"A delinquência e o desemprego aumentaram. O nível de vida subiu, a miséria faz morada em todas famílias", acrescentou, salientando que o Executivo se encontra num beco sem saída.

Para a melhoria da vida dos angolanos, a UNITA insiste que as eleições autárquicas previstas no próximo ano devem acontecer em todos os municípios.

"Isso vai diminuir as assimetrias regionais e os angolanos voltarão a ter dignidade, algo que não têm desde 1975, quando Angola conquistou a independência", refere o documento.

Também a dívida pública esteve presente no discurso da UNITA, que considerou injusto que os contribuintes estejam a ser "obrigados a suportar uma dívida que entrou nos bolsos de um punhado de pessoas pertencentes ao partido governante".

"Qual é a importância para o País de o Presidente João Lourenço reconhecer o problema da dívida injusta e ilegal se ele segue o caminho errado, isto é, não auditar a dívida, pelo contrário, tornando-a despesa comum ou pública inserindo-a no Orçamento Geral do Estado?, perguntou a deputada da UNITA.

"De que lado afinal está o Presidente da República, do lado dos que saquearam o país ou do lado povo? A prática diz que ""do lado dos saqueadores"" Será que nos limitaremos somente aos discursos sem acção?", continuou, declarando que "a tão propalada política de repatriamento dos capitais saqueados não passou disso mesmo, um mero discurso".

Para a UNITA, no que respeita à Saúde (4,99%) e ao ensino (5,82%), "o aumento aparente da dotação desses sectores corresponde em termos reais a uma quase estagnação, sendo que na saúde é insuficiente para o atendimento das necessidades da rede básica de saúde (centros e postos de saúde à nível local), quanto mais para desenvolver ou melhorar o atendimento de todo o Serviço Nacional de Saúde.

A UNITA aconselhou um aumento na ordem dos 20% da despesa pública, repartidos entre a Educação e a Saúde, "já que têm um impacto positivo no crescimento económico de longo prazo".

O "Galo Negro" disse ainda que, "tal como as anteriores", a presente proposta de OGE "sistematicamente viola os princípios da unidade, universalidade e da publicidade por falta de informação quanto à identificação de todas as pessoas que beneficiam de receitas públicas, especialmente na administração indirecta com funções administrativas ou de regulação".

O líder do grupo parlamentar da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, ao fazer a declaração política da sua coligação, solicitou ao Executivo para negociar com os angolanos que têm dinheiro ilicitamente escondido no estrangeiro.

"O repatriamento de capitais não está a funcionar. O Governo deve urgentemente dialogar com os milionários para os convencer a trazerem o dinheiro pacificamente para o País", acrescentou.

Na sua declaração política, o presidente da FNLA, Lucas Ngonda, afirmou que as políticas económicas do Executivo estão a desanimar os angolanos, que atravessam momentos críticos devido à crise.

"Quando o IVA entrou em funcionamento, aconselhámos o Executivo de que não era o momento ideal num País que só depende de petróleo, onde a agricultura e as indústrias não funcionam", disse.

Para o político, a produção nacional não passa de "feiras de banana, produção de água mineral e refrigerantes".

O presidente do PRS, Benedito Daniel, criticou o Executivo, dizendo que pouco ou nada faz para o incremento da agricultura no País.

"Com o País apostado na agricultura, não passávamos tantas dificuldades com esta crise. O Governo não incentiva a agricultura, por isso, toda a gente quer viver na cidade", explicou, lamentando os 3% atribuídos ao sector agrícola neste OGE.