Na quinta-feira da semana passada, a nova "patroa" da Sonangol reuniu-se com a bancada parlamentar do MPLA (175 deputados) para os tentar convencer das vantagens da sua nomeação, na sequência da pressão exercida pela oposição que a contesta.
Segundo apurou o Novo Jornal, "o encontro não foi pacífico devido ao poderio económico que ostenta a filha mais velha de José Eduardo dos Santos, através da participação financeira em várias empresas, nomeadamente nos bancos BFA e BIC, na cimenteira Nova Cimangola, na principal operadora de telecomunicações (Unitel) (...) e de televisão por cabo (ZAP), e no Plano Director Geral Metropolitano de Luanda, um cargo eminentemente político".
À semelhança da oposição, que se socorre da Lei da Probidade Pública que diz que "o agente público não deve nomear ou permitir nomeações e contratos quando há intervenção de sua esposa, dos seus familiares em primeiro grau em linha recta e até ao segundo grau da linha colateral", alguns deputados do MPLA meteram "lenha na fogueira" fazendo referência ao referido princípio estabelecido pela lei.
"Também estou de acordo que, ao ter permitido que a sua filha fosse nomeada, o camarada Presidente terá cometido uma improbidade pública. Ele devia ter-se abstido, como manda a lei", disse um deputado que pediu o anonimato.
De acordo com o mesmo deputado, a nomeação de Isabel dos Santos não embaraça só a bancada parlamentar do MPLA, mas também alguns membros da direcção do partido.
Apesar de Isabel dos Santos ter comunicado aos Presidentes dos Conselhos de Administração da NOS, SGPS, SA, do Banco BIC Português, SA, e da Efacec Power Solutions, SA, a sua renúncia ao cargo de membro dos Conselhos de Administração dessas sociedades, nos termos do disposto no art. 404º do código das Sociedades Comerciais, alguns parlamentares do MPLA na reunião não ficaram convencidos, alegando questões de transparência.
Segundo uma fonte, a PCA da Sonangol foi surpreendida com algumas posições expressas pelos deputados na sequência de várias inquietações apresentadas na oportunidade.
"Nós é que aprovámos a Lei e, quando é violada, ficamos magoados", referiu a mesma fonte, sustentando que "essa nomeação é mais uma demonstração do favoritismo".
As intervenções de alguns deputados do MPLA que estiveram reunidos no seu grupo parlamentar com o PCA da Sonangol deixaram "assombrada" a direcção do parlamento.
"Se lá fora não conseguimos falar sobre o assunto, aqui internamente somos obrigados. Porque é uma questão que está a gerar polémica no seio da sociedade, que diariamente nos questiona e não temos resposta para dar", comentou um deputado.