O nome de Abel António Cosme, até então PCA da TCUL, vem proferido no despacho de pronúncia e na acusação do Ministério Público (MP) e já foi referenciado pelo tribunal durante as sessões de discussão e julgamento que o NJOnline tem estado a acompanhar ao pormenor.

Segundo a acusação, em Agosto de 2009, um mês antes da constituição da empresa AfriTáxis, o Conselho Nacional de Carregadores e a Unicargas, representados pelos fugitivos Agostinho Itembo e Abel Cosme, transferiram de forma ilícita para esta empresa mais de três milhões de dólares e cerca de 247 milhões de kwanzas, com a pretensão de serem sócios deste empresa, embora isso nunca tenha acontecido.

Diz o Ministério Público que, com esses valores, a empresa AfriTáxis adquiriu cerca de 300 viaturas, tendo, no entanto, o réu Augusto Tomás orientado no sentido de a gestão de 150 viaturas ficarem a cargo do CNC e da Unicargas para serem utilizados nas províncias de Benguela, Huíla e Cabinda.

Por isso a Rend-Angola, da qual eram sócios Abel António Cosme, então PCA da Unicargas, e Agostinho Itembo, antigo director-geral do Conselho Nacional de Carregadores, seriam as representantes da AfriTáxis nas províncias de Benguela, Huíla e Cabinda, onde fizeram a entrega de 50 viaturas cada.

Após a entrega dessas viaturas à Rend-Angola, refere acusação, esta não deu qualquer contra-partida ao Estado, que acabou por ficar prejudicado.

No entanto, o Ministério Público alega que o investimento do CNC na empresa AfriTáxis, foi um artifício fraudulento utilizado pelos réus Augusto da Silva Tomás, figura central do julgamento, Isabel Bragança, Rui Manuel Moita, Manuel António Paulo e Eurico Alexandre da Silva, bem como os fugitivos Abel António Cosme e Agostinho Itembo, para desviarem dinheiro do Estado e financiassem os seus próprios negócios ou de terceiros.

"Tal como foi o artifício fraudulento de outras participações sociais pelo CNC, os réus e os dois fugitivos causaram ao Estado Angolano um prejuízo de mais de 27 milhões de dólares e 255 milhões de kwanzas", diz a pronúncia.

Importa referir que Abel António Cosme lidera o conselho de administração da TCUL desde Novembro de 2017, tendo substituído no cargo Freitas Neto e a sua ausência foi tornada pública em Janeiro último, quando o gabinete dos Recursos Humanos do Ministério dos Transportes solicitou, através de uma publicação no Jornal de Angola, a sua comparência no prazo de oito dias.

Entretanto, o NJOnline sabe de fonte segura que a TCUL está a ser dirigida por Pedro Pereira, administrador para a área financeira deste Outubro de 2018, data em que ficou ausente da empresa o prófugo Abel António Cosme.

Em declarações ao NJOnline, em Maio último, Octávio Francisco, coordenador da comissão sindical da empresa, disse que não há qualquer informação sobre o paradeiro do PCA na TCUL, sabendo-se que este nunca chegou a ser exonerado.

"Aqui ninguém sabe do seu paradeiro, sabemos apenas que o PCA está ausente da empresa desde o ano passado. E tomámos conhecimento, na altura, através das redes sociais", referiu.