António Guterres justificou a defesa de África como bom exemplo na forma como foram definidas e aplicadas no continente as medidas de contenção da pandemia do novo coronavírus sublinhando o número escasso de infecções e mortes registadas deste o início desta crise de saúde pública.

Em entrevista à rádio francesa RFI, Guterres explicou que a Covid-19 está a registar em África uma progressão mais lenta do que aquilo que a generalidade dos organismos internacionais previram.

"Covid-19 teve um muito mais lento progesso em África do que aquilo que eram as previsões iniciais", apontou.

Com o peso do cargo de Secretário-Geral da ONU, Guterres disse que esses bons resultados devem-se ao facto de "muitos dos países africanos e organizações locais terem aplicado medidas muito corajosas e no tempo certo, o que é claramente uma lição para alguns dos países mais desenvolvidos, que não o fizeram".

Este recado é claramente direccionado para países como os EUA ou o Reino Unido, que inicialmente desvalorizaram o impacto da infecção e retardaram a aplicação de medidas, sendo que no caso dos EUA, estas ainda nem sequer são as ideais para conter a propagação da pandemia, levando a que seja actualmente o epicentro da pandemia em todo o planeta, com mais casos, 1.528 mil, e mais mortos, quase 92 mil.

África, com cerca de 1,2 mil milhões de habitantes em 54 países, tem registados, segundo números revelados hoje pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), 2.912 mortos e 91.598 casos, mantendo-se o Norte do continente e a África do Sul como os pontos com maior número de infecções.

A África do Sul, Argélia, Egipto, Marrocos, Nigéria e Gana registaram metade dos casos totais do continente africano, sendo o Egipto o país com mais mortos, 659, e quase 13.500 casos, casos, seguindo-se a Argélia, com 561 mortos e 7.377 infectados.

A África do Sul é o terceiro com mais mortos, 312, sendo ainda o que tem mais infecções registadas, 17.200.

Nos países lusófonos é esta a relação: Guiné-Bissau, 1.038 casos e 4mortos, Cabo Verde tem 335 infecções e três mortos e São Tomé e Príncipe tem 251 casos e oito mortos, enquanto Moçambique apresenta 145 casos e nenhum morto e Angola tem 52 e três mortos. A Guiné Equatorial apresenta 719 casos e sete mortos.

Em todo o mundo são já 4,9 milhões de infectados e 320 mil mortos.