Mais de 60 dias após ter sido afastado do Hospital Pediátrico David Bernardino, por alegada violação de sigilo profissional, que consistiu na denúncia, ao jornal O País, da morte de 19 crianças em 24 horas naquela unidade de saúde, o médico Adriano Manuel continua em casa e sem saber do seu futuro.

De acordo com uma guia assinada pelo director-geral daquele hospital, Francisco António, a 21 de Julho, a que o NJ teve acesso, o afastamento do médico-assistente graduado A é justificado com a necessidade de mobilidade de quadros, tendo sido orientado a apresentar-se à Direcção Nacional de Recursos Humanos do Ministério da Saúde (MINSA). A decisão foi contestada pelo mesmo, pois não foi consultado.

"Se estão a tirar-me de um hospital, era suposto automaticamente trabalhar noutro. Estou no terceiro mês à espera de uma colocação", desabafa.

Desde o início de Agosto, Adriano Manuel, actualmente presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), aguarda por um novo enquadramento. Além do afastamento da função pública, foi sancionado com corte salarial. Acredita que se trata de uma "perseguição" que tem por objectivo prejudicá-lo, bem como a sua família, e afastá-lo definitivamente da função pública, para silenciar as denúncias que tem feito sobre a falta de condições de trabalho a que estão sujeitos os profissionais de saúde do País.

"Isso obedece a uma estratégia devidamente elaborada entre o director do hospital e a ministra da Saúde", dispara.

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