A posição surge expressa num documento do banco central angolano, de análise à política monetária do país, com data de 30 de Novembro, numa altura em que o kwanza não sofre variação, para o dólar, na taxa oficial de câmbio, há mais de meio ano.
"Tendo em conta à tendência de estabilidade do nível geral dos preços e consequentemente a desaceleração da taxa de inflação mensal, o BNA reafirma o seu engajamento na preservação do valor da moeda nacional, razão pela qual, não haverá desvalorização do kwanza", lê-se no documento.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre deste ano.
A taxa de câmbio oficial cifra-se actualmente nos 166 kwanzas (93 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.
"O BNA continuará a disponibilizar as divisas de forma regular ao câmbio de 165,8 Kwanzas por um dólar dos Estados Unidos da América, não havendo necessidade dos operadores do mercado alterarem os preços dos bens e serviços", garante o banco central.
A crise financeira e económica tem levado a uma menor disponibilidade de divisas nos bancos e no mercado de rua, a única alternativa de acesso a moeda estrangeira, embora ilegal, comprar um dólar custa esta semana 490 kwanzas, cotação que em Junho chegou aos 630 kwanzas.
O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, defendeu a 16 de Novembro, em Luanda, após duas semanas de reuniões, anuais, com as autoridades angolanas, a necessidade de uma "flexibilidade na política cambial" angolana.
Para o economista brasileiro, em função da conjuntura angolana actual - crise provocada pela quebra nas receitas do petróleo e escassez de divisas -, são necessárias novas desvalorizações do kwanza.
"Não recomendámos um número específico e depende um pouco das políticas que dão apoio a essa política cambial mais flexível", apontou o chefe da missão do Fundo para Angola.
Também o responsável da consultora KPMG para Angola, Vítor Ribeirinho, admitiu a 18 de Novembro, em Luanda, que seria de esperar uma nova desvalorização do kwanza no final deste ano, semelhante à aplicada na primeira metade de 2016.